A CASA ORGÂNICA

       Conheça a Casa Amarela Quilombo Afroguarany, um espaço cultural de empoderamento coletivo e resistência

Em meio a incontáveis edifícios aglutinados, a Casa Amarela situa-se na esquina da Rua da Consolação com a Visconde de Ouro Preto, rompendo com o ar cinzento e caótico da via. O casarão já abrigou mais de 120 artistas, sendo habitado hoje por 24, todos eles integrantes da ocupação sociocultural Casa Amarela Quilombo Afroguarany, nome determinado no início da 3ª gestão da casa, antecedida pela primeira e segunda gestões, o coletivo Ateliê Compartilhado e o movimento Espaço Comum, respectivamente. O ambiente incorpora todo o tipo de manifestação artística, como coletivos de teatro, cinema, dança, exposições, apresentações musicais, oficinas, entre outros. A casa é aberta ao público e funciona todos os dias das 14h às 22h sendo todas as atividades gratuitas.

Sacada da casa amarela
Sacada da casa amarela

A manutenção do espaço, tal como limpeza, segurança e finanças, é totalmente realizada pelos inquilinos, contando com doações dos visitantes, vizinhos e ativistas que apoiam a proposta do imóvel. O grupo de artistas ocupou a casa em 20 de fevereiro de 2014, quando a casa ainda pertencia ao INSS. “Conseguimos passar a casa para a prefeitura em 2015, através de muito barulho. Passamos pela primeira reintegração em 2015 e, atualmente, houve o mandato de reintegração de posse pela secretaria da cultura, e aí o imóvel passou para a secretaria da cultura, que era nosso intuito. Mas o IPREM (Instituto de Previdência Municipal de São Paulo), atual dono do imóvel, não nos reconheceu como movimento e pediu nossa reintegração à secretaria de cultura” conta Alex Assunção, 25, nascido em Belém do Pará, artista e morador da Casa Amarela há quase dois anos.

Casa amarela em 2014, durante a gestão do Ateliê Compartilhado
Casa amarela em 2014, durante a gestão do Ateliê Compartilhado

A proposta da Casa Amarela tem enfoque no resgate através da arte, empoderamento de coletivos, assim como de pessoas em condições periféricas e de artes marginalizadas, como, por exemplo, o pixo. “A casa é uma ocupação que serve a minoria, ou seja, quem o estado não serve. Quando se ocupa um espaço, acaba por ser uma prática de desobediência civil, uma resistência contra o estado. O nome Quilombo Afroguarany representa isso; Quilombo por ser um espaço que representa todas as artes, unidas por uma resistência em comum, e Afroguarany para ressaltar nossas origens, porque todos descendemos dos índios e dos negros, mas a maioria das pessoas se esquece disso” explica Alex, sobre o propósito do local, que reúne coletivos de todas as vertentes, caracterizando um movimento coletivo geral. “A casa é um movimento muito orgânico, porque braços vem e braços vão, como um organismo vivo, em frequente adaptação. Não temos apoio privado nem partidário, somos apartidários. Vivemos de doações, mas são doações conquistadas em cima de todo um trabalho, todo um ofício voltado para a arte e a cultura. Temos 24 residentes que exercem atividades na casa, e temos os braços que são coletivos de fora, que nos apoiam, como o Sindicato dos Arquitetos” explica, preocupando-se com o bom relacionamento da casa com os coletivos adeptos e com a vizinhança.

Para participar das oficinas e atividades em geral, basta comparecer no horário marcado, porém, para realizar um evento ou exibição, é preciso entrar em contato antecipadamente com os artistas residentes. A página da ocupação disponibiliza a programação da casa, que tem início a partir das 14h, mas abre as portas para visitação desde às 8h.

 

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