#PontoCego – Bingo: O Rei das Manhãs

A cinebiografia baseada na vida de Arlindo Barreto (antigo Bozo), conta a história de Augusto Mendes (Vladimir Brichta), um ator em busca de destaque em sua carreira, que encontra o sucesso ao interpretar o palhaço Bingo em um programa matinal. Tendo como lema a frase “70% de talento e 30% Whisky”, sua vida boêmia e sua sede por fama se conflitam constantemente com os laços familiares e desequilibram essa porcentagem. Se buscar conhecer os bastidores da televisão brasileira nos anos 80, assista a Bingo.

No fim do filme, quando Augusto busca tratamento para seu vício em álcool e drogas, há uma luz vindo de uma janela ao fundo. Esse truque de fotografia representa um momento de bondade e santificação do personagem. Na mesma cena, ele é questionado a respeito do que mais sente falta e diz: “Sinto falta da minha mãe, do meu filho e do palco”, logo após isso ele coça seu nariz e diz: “É só”.

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A cena final mostra Augusto em uma de suas palestras, após deixar de interpretar o palhaço “Bingo”. Mesmo quando o ator retira sua peruca de palhaço, a cortina ao fundo a forma novamente. Essa metáfora representa o quanto seu personagem o marcou, já que Augusto leva consigo todos os ensinamentos que Bingo lhe mostrou. Além de tudo, a câmera com uma angulação de baixo para cima (Contra-Plongée) sinaliza a grandeza do personagem em cena e complementa a intensidade do discurso.

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Na cena em que Augusto está à mesa na casa de sua mãe, ele percebe que perdeu sua vida para seus vícios. Na linguagem audiovisual, essa cena mostra o personagem do lado direito (presente) da tela olhando para o lado esquerdo (passado).

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Quando o personagem de Augusto está em seu momento de decadência e excessos, há sempre o uso da cor verde na iluminação com tons que representam depressão e tristeza.

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Augusto está sempre em busca dos holofotes, como o próprio personagem diz: “Debaixo do meu holofote eu posso tudo. Qualquer lugar que tiver um foco de luz vai ser o meu palco”. Quando está fora dele, há a cor azul em cena representando o ambiente frio e triste, já nos holofotes uma cor mais amarelada, que representa o quente para dar sensação de conforto.

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Já que a identidade do ator que interpreta Bingo deve ser sigilosa, em certo momento da narrativa, Augusto se questiona até que ponto valia a pena estar dentro dos holofotes mas não ser reconhecido por isso. É nesse momento que a luz do holofote que o ilumina está azul.

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Quando está com seu filho há sempre a TV grande em quadro, o que mostra a importância que o personagem dá a TV em relação à família.

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Na cena em que Augusto está na casa de sua mãe (Ana Lúcia Torre), o ambiente encontra-se escuro e ela triste por ter sido esquecida em sua carreira de atriz. Nessa cena, a mãe apaga a luz que ilumina seu quadro na parede, caminha pelo corredor escuro e vai em direção a uma porta coberta por luz. Pouco tempo depois, a notícia de sua morte é anunciada na trama e agora a mãe de Augusto passa a existir apenas em sua mente.

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Essa cena possui um significado poético que simboliza o giro na vida do personagem e seus holofotes se apagando, mas ele não teme isso e continua seguindo em frente. Após isso, o personagem passa por uma experiência de quase morte e faz desta uma das cenas mais fortes do filme.

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Ficha Técnica

Gênero: Comédia dramática

Lançamento: 24 de Agosto de 2017

Produção: Gullane Filmes

Direção: Daniel Rezende

Montagem: Márcio Hashimoto

Direção de fotografia: Lula Carvalho

Roteiro: Luiz Bolognesi e Fábio Meira

Distribuição: Warner Bros.

Orçamento: R$ 8.900.000

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