Um novo ano

Na passagem do ano desejamos uma vida nova, cheia de realizações. Fazemos centenas de simpatias à espera de um milagre.

Usa-se branco pela paz, o amarelo pelo dinheiro, o rosa pelo amor, entre todas as outras cores do arco-íris e suas respectivas características. Mas de todas as cores, a única que realmente importa é a de dentro.

Será que é preciso esperar por um novo ano para desejar mudanças?

O novo, muitas pessoas parecem ter medo dessa palavra, encarar algo novo, ir atrás de sonhos novos, metas novas, mas a verdade é que um ano novo só começa para quem é capaz de fazer NOVO.

Por um instante, pare e pense sobre este ano.

Você fez sentido? Realizou seu sonho? Sorriu com alguém? Descobriu algo? Fez algo que nunca tinha feito, como uma viagem de última hora? Uma loucura de amor?

Para poder seguir em frente precisamos nos permitir, abrir fronteiras, cobrar apenas aquilo que podemos oferecer, conversar mais e ouvir muito mais. Ser feliz, estar realizado, só depende de uma cor, aquela do seu interior.

Certamente nem tudo será um mar de rosas, ao longo desse novo ano muitos obstáculos serão colocados no caminho, mas a grande diferença estará naqueles que saberão lidar com eles de uma nova forma. Esse ano só depende de você para torná-lo inesquecível.

RECEITA DE ANO NOVO

Carlos Drummond de Andrade

“Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o
tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)

Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.”

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