90 minutos eternizados
Montagem: Gabriel Magalhães
Preparem as vuvuzelas que a Copa está às portas. Nesta semana, começa o maior espetáculo futebolístico da Terra e com ele a esperança de uma partida fenomenal que nos faça vibrar a cada segundo de jogo. Confira abaixo alguns embates da Copa que fizeram jus ao seu apelido de “espetáculo”.
- Copa de 1950 – Maracanazzo
Esse jogo, com certeza, não foi um espetáculo para nós, brasileiros. Mas certamente foi para os uruguaios. Os brasileiros eram os anfitriões e os favoritos da partida, apenas precisavam de um empate para levar o título mundial. O Maracanã estava em festa, especialmente após o primeiro gol do Brasil, logo no começo do segundo tempo. O que os torcedores da casa não esperavam, no entanto, era que o Uruguai virasse o jogo alguns minutos depois. Diz-se que o estádio lotado, com cerca de 200 mil pessoas, silenciou quando os uruguaios fizeram dois gols em 13 minutos, e acabaram com o sonho brasileiro de um mundial. O jogo, conhecido como “Maracanazzo”, foi uma tragédia para o Brasil, mas uma virada histórica para os uruguaios que reviveram seus dias de glória como campeão mundial.
- Copa de 1958 – Enfim, a vitória
O Brasil nunca havia ganhado um Mundial e não parecia que aquele seria o dia de glória. Os brasileiros jogavam contra a Suécia, o time da casa, depois de uma boa chuva e sem a tradicional camisa verde amarela, já que os suecos usavam a mesma cor. O time, que simplesmente reunia alguns dos maiores craques da história do futebol brasileiro, surpreendeu. Pelé, Garrincha, Djalma Santos, Vavá, Didi e Zagallo eram apenas algumas das lendas presentes naquele dia. Sofreram um gol logo no começo, mas rapidamente se recuperaram, após Didi ter incentivado os jogadores ao dizer “vamos encher esses gringos de gols”. A partida terminou em 5 a 2 e o Brasil conquistou seu primeiro título mundial.
- Copa de 1982 – A morte do futebol de arte
Considerado por muitos o melhor time que o Brasil já teve, a seleção de 1982 contava com Zico, Éder, Falcão, Luisinho, Sócrates, Junior e Leandro. Não havia dúvidas que o Brasil venceria a partida de classificação para a segunda fase contra os desacreditados italianos. Surpreendentemente, a marcação do adversário pesou sobre os brasileiros e o jogo terminou em 3 a 2 para a Itália. Ninguém acreditou e o jogo ficou conhecido como a “Tragédia de Sarriá”, nome do estádio. Para os italianos foi um renascimento e até hoje essa é considerada uma das partidas mais importantes já disputada por eles. Para os brasileiros, no entanto, foi o fim do chamado “futebol de arte”, conhecido pelos lances trabalhados e estética impecável. Sintetizando a emoção do dia, uma foto, tirada por Reginaldo Manete, retratou o choro de um menino com a camiseta do Brasil, inconsolável com a derrota. A imagem rodou o mundo e chegou a ganhar o Prêmio Esso de Jornalismo.
- Copa de 2006 – O Massacre de Gelsenkirche
O jogo entre a Argentina e Sérvia e Montenegro, foi conhecido como o Massacre de Gelsenkirche. O time sul-americano aplicou uma goleada de 6 a 0 sobre os adversários e dava a impressão de que iria longe naquele mundial. Não aconteceu, já que perderam para os alemães nas quartas de final. Ainda assim foi um jogo de destaque para os argentinos. Às vezes passavam-se vários minutos sem que os sérvios tocassem na bola, tamanha era a habilidade dos latinos. O jogo ainda foi responsável por revelar um dos maiores craques do futebol até os dias de hoje: Lionel Messi.
- Copa de 2010 – A derrota de um continente
Havia 40 anos que o Uruguai não chegava tão longe numa Copa do Mundo, mas não poderia ser com maior hostilidade. O jogo contra Gana não era apenas contra Gana, era um embate contra todo o continente africano. A Celeste já havia eliminado o anfitrião, a África do Sul, no começo da Copa e Gana era a última nação africana na disputa pela taça. O primeiro tempo terminou com a vantagem dos africanos, logo anulada pelos uruguaios no segundo. Na prorrogação, Gana tinha um gol certo, mas foi impedido por Suaréz que num gesto de desespero segurou a bola com as mãos. O jogador foi expulso sob o ódio dos uruguaios, já que o pênalti para os africanos era a vitória de bandeja. Surpreendentemente, a cobrança não saiu como esperado e a jabulani, a traiçoeira bola da Copa, não atingiu o gol como planejado, mas bateu na trave para o desespero dos africanos e alegria dos sul-americanos. O jogo foi decidido nos pênaltis e os uruguaios foram classificados para as semifinais.
Outro jogo que mexeu com as emoções brasileiras, de um jeito bem ruim, foi o famigerado 7 a 1 da Alemanha. Faltando só alguns dias para a Copa, torcemos para que o Brasil faça uma melhor figura na Rússia e jogue partidas como as realizadas pelos times de 1958 e 1982, que até na derrota jogavam com classe e emoção. E que comece o maior espetáculo futebolístico do mundo.