SAO PAULO, BRAZIL - JULY 13: Children play in a football league organized by members of the "popular committee for World Cup" in Favela do Moinho on July 13, 2014 in Sao Paulo, Brazil. The group protests against corruption and overspending in the construction of stadiums for the World Cup in Brazil (Photo by Victor Moriyama/Getty Images)

Ao virar uma esquina

Era 31 de julho de 2017. Segunda – feira. Primeiro dia de aula na faculdade. Chamei o elevador no oitavo andar. Estava pronta para começar a minha aventura em outro lugar. Longe do Rio de Janeiro. De Campo Grande. De cosmos. O cenário agora era São Paulo. Entrei na caixa de metal e apertei o botão com o número zero, que indicava o térreo.

As portas do elevador se abriram. Encontrei um dia cinza. Uma leve garoa. Um dia de inverno em SP. Nada que me impedisse de andar até o meu destino: o metrô Belém. Saí do condomínio. Um pouco apreensiva. Um pouco nervosa. Pela primeira vez, percorria uma cidade desconhecida sozinha. Me deparei com uma imensidão. Me senti pequena. Andava a longa Sapucaia encontrando os mais diversos arranha-céus de luxo que cismavam em aparecer e desaparecer em meio às casas antigas da Mooca. Aquelas famosas casas que demonstravam a tradicionalidade do bairro.

Virei o final da rua como o Maps indicava. Encontrei a cultura e quem sabe a segregação. Os prédios de luxo sumiram. Os enclaves fortificados que encontrava na Sapucaia desapareceram dando lugar a um novo quarteirão. O povo que vivia lá não era brasileiro, ou pelo menos sua maioria. Pareciam bolivianos vivendo em espécie de cortiços. Esses, que não tem portões e nem segurança.

Encostada no Muro, avistei uma senhora. Sua aparência lhe denunciava uns 70 anos. Não estava em uma casa. Abrigo talvez lhe faltava. Ao seu lado, uma espécie de colchão e cobertores encardidos. Ela murmurava, mas não conseguia compreender o quê porque a pressa me sufocava.

Segui meu caminho, ainda com a imagem daquela senhora na minha cabeça. Fui em frente. Me deparei em uma estrada, um pouco esburacada. Vi que a Mooca tinha desses declínios. Atravessei ao ver que o sinal tinha ficado vermelho. Andei. Andei um caminho cercado de comércio, obras, pessoas. Avistei o metrô, ou pelo menos sua rua bem movimentada que mostrava a diversidade e a desigualdade. Subi a rampa cinza que indicava a chegada do meu destino e que me deixava curiosa com a quantidade de camelôs em torno dela.

Entrei no metrô. Pensativa. Eram muitos cenários diferentes visto naquele dia. Cenários que mudaram ao virar uma esquina.

Foto: Superinteressante

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