A arte de encenar
Transformar palavras em histórias é algo que que atores e atrizes são capazes de fazer. Mas, para isso acontecer, existe um longo processo. São anos de estudo e de muitos testes, para levar jovens talentos aos palcos e às telas da televisão ou cinema.
Esse trabalho, muitas vezes, não é valorizado. O Panorama Setorial da Cultura de 2017-2018, idealizado por Gisele Jordão, pesquisadora da ESPM, e por Renata Alucci, produtora cultural, aponta que apenas 48% dos interesses cotidianos apresentados são por arte. Em comparação, a educação obteve 83% do interesse. Este Panorama mostra maneiras de entender o consumidor brasileiro e quais suas decisões para o consumo cultural e artístico no país.
Pedro Bonilha, 19 anos, estudante da Escola de Atores Wolf Maya, comenta sobre a arte dentro do país: ”Em geral, a arte no Brasil não é valorizada, mas o teatro, em específico, com certeza não recebe a importância que merece. Em países como Inglaterra ou Estados Unidos, não há quem não conheça Shakespeare. Na França, todos sabem quem é Molière, mesmo tratando-se de autores dos séculos XVI e XVII. Já aqui, Nelson Rodrigues, por exemplo, maior expoente do teatro brasileiro do século XX, é pouquíssimo conhecido, exceto, é claro, por pessoas do meio, letrados e estudantes de jornalismo”.
“Creio que falta de incentivo à arte. Vivemos em um país que a trata como descartável e isso se agrava cada vez mais. Como diria Brecht: ‘Vivemos tempos difíceis’”, complementa Pedro, sobre a maior dificuldade em se trabalhar com arte hoje. “A arte sempre me abriu portas, mas não me faltam exemplos de amigos e conhecidos que já foram julgados por trabalhar com isso. Infelizmente há pessoas que consideram que ser artista não é profissão”, conta.
Um dos principais locais de formação de artistas é a Escola de Atores Wolf Maya, idealizada pelo próprio ator e diretor. Desde 2001, ela prepara alunos para TV, teatro e cinema, em suas duas unidades, uma em São Paulo e outra no Rio de Janeiro. Ela é a primeira ponte muitas das vezes entre a emissora Globo e o aluno.
“É incrível, estou me formando agora, mas a saudade fica desses três anos maravilhosos que passei lá. Como a escola atrai várias pessoas de diferentes lugares, você encontra uma pluralidade de histórias imensa e tem a oportunidade de conhecer muita gente diferente de você que agrega, além de contar com um corpo docente espetacular, cada professor participa ativamente do seu desenvolvimento não só como artista, mas também como ser humano, o que eu julgo ser vital”, explica Pedro sobre o dia a dia do seu curso de teatro.
O estudante finaliza contando como a arte é importante para ele, principalmente como um jovem na profissão: “Teatro é comunhão, é a arte que explora a relação humana em seu estado mais puro. É, por algumas horas, desconectar-se do tempo do relógio para viver em um tempo alternativo, no qual o que importa é o que se compartilha com o outro”.