Sao Paulo, 18-10-2017.Campanha contra a violencia domestica.Erica de Jesus Bonilha.Foto Adri Felden/Argosfoto

Laços que se transformam em algemas

As agressões verbais, psicológica e física ultrapassam os limites de uma relação saudável. A partir de sinais como a não aceitação de escolhas próprias pela outra parte, até a violência psicológica, sexual e financeira, é possível identificar fatores que representam uma relação de poder no relacionamento, seja este no âmbito amoroso, profissional ou ciclo social, no qual a única prioridade passa a ser outra pessoa.

A psicóloga Tânia Dias Bassiano, 53 anos, explica que a pessoa controladora tem como objetivo deixar o outro inseguro e amedrontado diante das próprias atitudes, fazendo com que o parceiro se sinta incapaz de seguir suas próprias escolhas e assim não conteste as ideias que foram impostas. “A pessoa se sente à mercê do outro e por isso não consegue ter atitudes perante aquilo, além de sentir-se humilhada perante a ela e perante as outras pessoas”, afirma.

Esses pontos levam a uma relação de submissão que, na maioria dos casos, de acordo com Tânia, são causados por motivos como dependência emocional, financeira, estrutural ou, em casos extremos, quando são coagidas e ameaçadas. Um exemplo de caso é o de C.O., 38 anos, no qual, por sua dependência emocional, ela acreditava que poderia mudar o parceiro e todos seus hábitos. “A cada vez após brigarmos ele me falava que iria mudar e eu sempre me convencia que seria a última vez”, conta.

No Brasil, estima-se que a cada 5 mulheres 3 sofreram ou sofrem algum tipo de abuso dentro de algum relacionamento, de acordo com a pesquisa realizada pelo Instituto Avon em parceria com o Data Popular. Nosso país ocupa o 5º lugar no ranking do índice de feminicídio de acordo com a ONU.

Apesar dos relacionamentos se constituírem de diversas maneiras, o processo abusivo tem sinais similares, como ciúmes doentios, brigas intermináveis e, em casos extremos – mas não raros –, a violência física e psicológica. Na maior parte dos casos, esses sinais aumentam conforme a aproximação entre o casal, e se tornam cada vez mais frequentes.

Após se reconhecer em um relacionamento abusivo, é aconselhável conversar com alguém de sua confiança ou buscar ajuda de um psicólogo. Pode-se também tomar medidas como ligar para o 180, a Central de Atendimento à Mulher que funciona sete dias por semana e 24 horas por dia, ou procurar a Delegacia da Mulher.