Diver(c)idade
São Paulo: uma das cidades mais desenvolvidas do país e com mais de 12 milhões de habitantes. Há quem pense que é a cidade da diversidade, e é mesmo, tão diversa que diversas vezes a diversidade tá diversificada por aí. Da periferia ao centro, é claro que a diversidade tá presente, mas presente em seu canto. Alguns cantos de campinhos de areia com gol torto, enferrujado, sem rede e com crianças de todos os tamanhos jogando bola descalças, de igual para igual. Outros cantos de quadras pintadas, com iluminação e boas condições, mas de só um garoto, com uniforme do seu time completo, um par de chuteiras novinhas nos pés e uma bola tão bonita que nem ele quer jogar.
A partir daí que eu te mostro a diversidade, a diversidade que encontramos desde pequenos, a diversidade como uma cidade separada por zonas, diversificada em espaços facilmente mapeados, e tão diversificada que a diversidade fica desse jeito mesmo, espalhada. Afinal, quanto dos 1500km² da cidade diversa você já conheceu? Temos tanta diversidade ao nosso redor que parece termos medo de conhecer a parte da diversidade que não é a nossa. Por que o menino das chuteiras novas não pode ir até o campinho de areia e ter com quem jogar a bola tão bonita que pode abrilhantar uma brincadeira? É, mas você pensou que o campinho de areia fica em uma praça pública, e que por ser pública deveria ser frequentada por toda a diversidade de público de nossa cidade?
E não precisa ser só de uma quadra pintada para um campinho de areia, pode ser dos botecos de esquina aos barzinhos com karaokê, das igrejinhas de bairro aos grandes salões de fé, dos filmes de sessão da tarde em casa ao cinema, e não só um ou outro, porque a diversidade tá em todos os lugares. De um boteco de esquina pra uma sala de cinema, porque a diversidade contribui para a nossa diversidade, mas que acima de tudo, deve ser frequentado por toda a diversidade para formar a diversidade.
O problema é que a diversidade da cidade não sabe a diversidade que a cidade tem. E ainda digo mais, não sabe o quanto a diversidade enriquece a diversidade. Já pensou nas semelhanças que a feira de domingo na rua de cima tem com o mercadão? Mas só algumas, porque mais bonito mesmo é a diversidade entre as semelhanças, pense nisso, dois lugares públicos, de diversidade e para a diversidade, a feira e o mercadão. É, o mercadão, ele que é um dos símbolos da nossa cidade. Lá que tem tanta diversidade pra diversidade conhecer, mas aposto que só uma parte da cidade conhece a diversidade de lá.