O poder feminino nas marcas
As campanhas com maior impacto são aquelas que utilizam aspectos sociais e fazem o público e a própria marca se questionarem. Aproveitando o embalo dia Dia Internacional da Mulher, muitas marcas usaram a data para colocar em pauta assuntos como representatividade, empreendedorismo, lugar de fala e machismo. Confira as campanhas de 2020 que ousaram tocar em assuntos que vão além do clichê:
Cypher das Minas
A agência Africa criou a campanha da Budweiser que levantou o questionamento “Existe diferença entre rap e rap feminino?”. Com Drik Barbosa, Stefanie e AltNiss, que criaram música e clip para evidenciar os trabalhos femininos na cena do rap, a letra faz críticas à indústria musical e aos preconceitos com base em sexo, raça e classe social. O vídeo foi produzido pela Stink, com direção de OUTH e traz o refrão: “Eu não faço rap de mina, eu faço rap”.
https://www.youtube.com/watch?v=BUazXGkznP4&feature=youtu.be
Mulheres Baniwa
O empreendedorismo das mulheres indígenas que vivem em Amazonas e cultivam exclusivamente a pimenta Jiquitaia Baniwa foi tema para a campanha produzida pela agência BETC/Havas, para o Pão de Açúcar. Por enquanto, a rede de supermercados disponibilizou o produto desse cultivo em sete de suas lojas, na cidade de São Paulo. A ação faz parte do programa “Caras do Brasil”, que valoriza a sustentabilidade em pequenas produções nacionais. A renda obtida com essa venda é repassada para a Casas da Pimenta, que dá suporte às comunidades da bacia do Rio Içana. “Mais forte que a pimenta Jiquitaia, só as mulheres Baniwa“. É a partir dessa ideia que a campanha conta a história dessas mulheres e a trajetória da produção até seu destino em São Paulo.
#DeixaElaTreinar
Em São Paulo, a Smart Fit levou 10 mulheres às ruas com câmeras escondidas para simular o trajeto de casa até a academia. Em roupas de ginástica e com uma câmera escondida, elas gravaram inúmeras formas de assédio vivenciadas diariamente por muitas mulheres. O vídeo se baseia em uma pesquisa realizada pela Opinion Box, que ouviu 1050 mulheres de diversos estados do país e gerou resultados como: “61% das entrevistadas já deixaram de usar a roupa que querem por medo”. A marca se posiciona contra o assédio e utilizou a campanha como forma de expor ocorrência cotidianas na realidade das brasileiras.
Shero
A linha Shero de bonecas da Mattel homenageia mulheres que desafiam limites. A nova atualização da linha, divulgada na última semana, conta com a velocista Dina Asher-Smith, a capitã da Seleção Francesa de Futebol, Amandine Henry, a nadadora paralímpica, Sümeyye Boyacı, e a esgrimista Olga Kharlan. A pauta das novas personagens busca incentivar o protagonismo feminino no cenário esportivo, como outras campanhas da marca reafirmam esse posicionamento.
Yo Nunca
A cerveja peruana Pilsen Callao usou esse joguinho já popular para mostrar como algumas ações desrespeitosas foram normalizadas pela sociedade. No vídeo, os grupos de amigos reagem à afirmações como: “Eu nunca presumi que os homens devem pagar a conta” ou “Eu nunca tentei coisas a mais ao sair com uma amiga”. Ao final, a marca se inclui e realiza uma autocrítica ao narrar “Eu nunca fiz comerciais apenas para homens” e mostra uma reunião da empresa em que todos bebem. Todo o roteiro prepara o público para mostrar que a marca passará por uma reformulação em sua imagem a favor da igualdade, com mais amizades e menos diferenças.