Das páginas às telas

Para os amantes de literatura, as histórias transmitem os mais diversos significados e sentimentos, além de possuírem uma capacidade mágica de transportar o leitor para diferentes mundos e estimular a criatividade e imaginação. Porém, muitos acreditam que tais atributos têm a possibilidade de aumentar seu alcance quando as histórias saem das páginas e vão para as telonas. O entusiasmo dos fãs dos livros leva a uma maior divulgação, que facilita o trabalho das produtoras.

Um dos exemplos mais famosos é a saga Harry Potter, escrita pela britânica J. K. Rowling, que já vendeu mais de 650 milhões de livros ao redor do mundo. Fenômeno que, além da complexidade do universo e histórias criadas pela autora, se deve à adaptação da trajetória do bruxinho em oito filmes. Estes que também possuem números expressivos, como os mais de US$ 7 bilhões arrecadados, uma das maiores bilheterias da história do cinema.

A partir do sucesso absoluto que é Harry Potter, é possível entender o desejo das comunidades de leitores lutarem por adaptações de seus livros preferidos. Tanto pelo reconhecimento das histórias, quanto pelas oportunidades de se aprofundar no universo e ter mais chances de entretenimento, como explicitam os parques temáticos de Hogwarts nos Estados Unidos e na Inglaterra. “Sou totalmente a favor dos livros terem adaptações cinematográficas, tanto que vários que leio imagino como seria incrível a história em um filme, com atores e cenas ganhando vida. E Harry Potter é um exemplo de adaptação fiel e excelente, com certeza é a que mais me marcou”, afirma Sanaelly Santos, 24 anos, comunicação social da Polícia Federal de Alagoas e criadora do perfil @bellaeossonhos no Instagram.

Além de Harry Potter, é possível citar inúmeros filmes que agradaram os fãs, aumentaram o número de livros vendidos e deram ótimo retorno financeiro para as produtoras. A franquia Jogos Vorazes, escrita por Suzanne Collins, estreou nos cinemas em 2012 e foi concluída em 2015, arrecadando US$ 2,3 bilhões em bilheteria. Mais do que dinheiro e aceitação do público, filmes adaptados de livros podem conquistar ainda a aclamação da crítica, como é o caso de O Quarto de Jack. Inspirado no livro de Emma Donoghue, o longa foi indicado em quatro categorias do Oscar em 2016, incluindo a de Melhor Filme.

Em meio a tantos motivos e desejos para que as histórias de livros sejam adaptadas, fãs utilizam a internet também para fazer com que esses sonhos se tornem realidade. Mais do que grupos que compartilham os mesmos gostos e espalham isso pelas redes, muitos fãs se reúnem para lutar por um filme ou uma série. O que pode acontecer de diversas formas e em diversas redes, como movimentar os perfis dos autores e produtoras com pedidos. Esforço que pode parecer impossível para alguns, mas que mesmo com frustrações no caminho pode valer a pena, como é o caso da série de livros A Seleção, de Kiera Cass.

Dois anos após o lançamento do primeiro livro, em 2014, a saga uniu uma base forte de fãs na internet, que passou a se empenhar para conquistar reconhecimento e uma adaptação para os livros. Foram criadas campanhas que surtiram efeito, como a #WeWantTheSelectionMovie, em 2015, que deixou sua marca nos assuntos mais comentados do Twitter e que pode ter sido responsável pela Warner Bros ter comprado os direitos da produção do filme dois meses depois, que em cinco anos com adaptação nas mãos não tirou os planos do papel.

“Eu sigo na linha de frente há cinco anos porque não quero que todo o esforço seja jogado fora,e porque e são meus livros favoritos”, declara Lucas Costa, de 19 anos, universitário e criador da página @ASelecaoBR no Twitter, responsável por unir os esforços de uma comunidade de mais de 50 mil seguidores e que agora possui motivos para comemorar. Na sexta-feira, 10, foi divulgado que a nova dona dos direitos de adaptação é a Netflix, que já possui planos para o filme e anunciou Haifaa Al-Mansour como a diretora. “Tudo o que fiz por essa série de livros nunca foi por interesse em algo, sempre foi tudo por amor”, conclui o fã.