Made in Brasil
O mercado cinematográfico brasileiro vem sendo visto com bons olhos pelas grandes produtoras mundiais. Ainda em 2019 a Netflix havia anunciado o investimento de 350 milhões em produções originais brasileiras, com cerca de 30 títulos a serem estreados ao longo de 2020. Entre esses lançamentos, estão produções como “Modo Avião” lançado em janeiro, que bateu recorde de audiência e se tornou seu filme mais popular em língua não inglesa.
A aposta mais recente do streaming é “Ricos de Amor” e o Brasil ganha mais uma comédia romântica para chamar de sua. O longa, que também foi bem recebido pelo público, apresenta Teto (Danilo Mesquita), filho de um rico empresário que vive em uma pequena cidade interiorana. Tudo muda quando ele conhece Paula (Giovanna Lancellotti), uma jovem estudante de medicina que mora no Rio de Janeiro, então o protagonista decide se arriscar na capital carioca.
Para provar que pode conseguir um emprego sem a ajuda do nome da família, Teto dá continuidade à mentira que contou à Paula e troca de identidade com o filho do caseiro. O filme também traz subtramas importantes para a história principal, como a jovem Monique que lida com as dificuldade financeiras na periferia ou os assédios sofridos por Paula no local de trabalho.
Um grande ponto positivo da trama é abraçar situações e cenários autenticamente brasileiros. O roteiro usa linguagens coloquiais e gírias para montar diálogos fluidos, além de criar pequenas situações rotineiras típicas do país. Essa identidade atrelada à história gera a identificação do público, que se torna ainda mais especial por ser uma versão brasileira para aqueles clichês que todos amam fingir não gostar, sem tentar imitar as fórmulas de outros países.
Porém, nem tudo são rosas em “Ricos de Amor”, as soluções mirabolantes ao longo da trama, e até mesmo sua conclusão, fogem em muito da realidade. E, embora se posicione contra certas atitudes, parece fechar os olhos para outras tão problemáticas quanto. Alguns pontos que nem o carisma e a química dos protagonistas conseguem esconder, como a falha em abordar os problemas que envolvem desigualdade e privilégios.
No maior estilo sessão da tarde, o longa é um bom começo para as primeiras criações de uma gigante do entretenimento em um país tão rico quanto o Brasil. As produções apoiadas por distribuidoras globais, como a Netflix, trazem visibilidade para os trabalhos nacionais e mostram a importância de expandir esse mercado. Muitas novidades vem por aí e o país que já criou obras consagradas ainda tem muito a oferecer.