Cara a Cara: Vany Américo
Após trilhar um longo caminho, a locutora, atriz e dubladora Vany Américo externa sua vontade de entreter as pessoas, fazendo parte da equipe de locutores da rádio Kiss FM, além de trabalhar com dublagem.
A trajetória da locutora, atriz e dubladora Vany Américo, está diretamente ligada ao início de sua história. Nascida e criada no interior de Minas Gerais, mais precisamente na pequena cidade de Coronel Fabriciano, logo em sua primeira participação na rádio, Vany conseguiu o encaminhamento correto para seguir naquilo que seria sua profissão.
Além do seu trabalho na radiodifusão, Vany começou a traçar um novo caminho como atriz e dubladora em 2009, dando vida a diversos personagens, participando das dublagens de jogos, séries e animes. Interpretando a “Yumiko” em The Walking Dead e a “Midori Kirigaya” em Sword Art Online. Além de suas interpretações em jogos, Forza Horizon interpretando a Ramona Cravache e em Overwatch, dando voz a personagem Sojourn. Ainda em seu trabalho como dubladora, Vany foi uma das premiadas do Voz Gamer 2021, promovido pelo portal Brasil Game Dub. A apresentadora venceu na categoria de melhor dubladora coadjuvante com “Amy Simpson”, do jogo Forza Horizon 5.
Possuindo uma carreira sólida e nunca estando na zona de conforto, ela está acompanhada do carisma que é capaz de cativar o público em seu período na rádio, aplicando o máximo de dedicação possível em suas atuações. Para saber mais sobre sua trajetória, confira na íntegra a entrevista concedida ao Portal WHIZ.
WHIZ: Como você começou a carreira de locutora e o que a motivou a seguir essa profissão?
Vany: Ainda sou do tempo em que as emissoras treinavam seus futuros locutores. Sou do interior de Minas Gerais, cidade de Coronel Fabriciano. Eu era teleatendente do SPC (serviço de proteção ao crédito), e ao atender as ligações, era geral os comentários de que eu tinha voz de locutora e que eu devia tentar ir até uma emissora pra fazer um teste e de tanto insistir, lá fui eu até a rádio era a Galáxia Fm. Na primeira fala ao microfone já me convidaram para, a partir de então, comecei a fazer cursos preparatórios de gravação comercial, locução, sonoplastia.
WHIZ: Qual é a sua relação com a música e o que a motivou a estar atualmente trabalhando na KISS FM?
Vany: Depois de trabalhar por seis anos na rádio Galáxia fui convidada para trabalhar na Rádio Cidade de Lisboa – Portugal, por lá fiquei por até 2005 e ao voltar para o Brasil, optei por vir para São Paulo. A primeira rádio que trabalhei na capital foi a rádio Mais FM e logo fui convidada a integrar a equipe da Rádio Kiss FM. Eu venho de uma família onde, meu pais, tios tocavam violão e sanfona e em casa sempre fomos muito musicais. Eu gosto de música que me emociona.
WHIZ: Sendo uma mulher negra, quais desafios você teve que enfrentar no início da sua trajetória como radialista, e quais empecilhos você ainda enfrenta na sua profissão?
Vany: Por ser negra, e estar em uma profissão de destaque, as pessoas quando ficam sabendo que sou locutora, se assustam, até hoje. Falam até textualmente que nunca imaginaram que eu fosse negra. Como se fosse impossível uma preta ter qualidades que transcendem o racismo estrutural. Ainda hoje convivo diariamente com esse tipo de comentário.
WHIZ: Qual é a sua abordagem para compartilhar músicas menos conhecidas com o público?
Vany: Os ouvintes da Kiss Fm gostam dos clássicos do rock. É notório que ídolos desse segmento são muito velhos e vários já se foram. Nosso argumento diário, é mostrar para nossa audiência que temos que dar oportunidades para novas bandas mostrarem seus sons autorais. É um desafio não só para as bandas locais, mas também para novos grupos como Maneskin, Greta Van Fleet, The Killers…
WHIZ: Qual foi o momento mais marcante em sua carreira de radialista até agora?
Vany: Quando recebi a visita de um ouvinte com paralisia cerebral, ele tinha um sonho de me conhecer. Pra ele, eu fazia companhia pra ele todos os dias, era como se eu fosse sua melhor amiga. Foi muito emocionante quando nos conhecemos pessoalmente. Foi como se todo o meu trabalho estivesse fazendo sentido ali, naquele momento.
WHIZ: Qual é a sua banda favorita e como eles influenciam o seu trabalho?
Vany: Eu adoro Jimi Hendrix, Paul McCartney, The Cure, Foo Fighters, Eric Clapton, David Bowie. Posso dizer que por causa deles tive a coragem fazer aulas de guitarra e tenho feito algum barulho. (rs)
WHIZ: Você acredita que ainda há espaço nesse meio para que uma nova geração possa ser radialista?
Vany: Sim, há espaço. O Rádio tem uma força incrível. Mesmo com toda tecnologia, o meio rádio vem se adaptando e seguindo firme.
WHIZ: Após sua trajetória como radialista, o que a levou a iniciar sua carreira como dubladora?
Vany: Foi minha vontade de expandir meus horizontes. Sou inquieta e fui em busca de novos desafios. Quando fui me informar sobre a profissão, fui informada que deveria antes ser atriz. Descobri que podia ir além do que imaginava. Portanto, sou atriz com foco na dublagem. E me ajudou muito a melhorar minha performance na locução e nas gravações de comerciais institucionais e de áudio livros.
WHIZ: Qual foi o seu primeiro trabalho como dubladora e como foi essa experiência?
Vany: Os primeiros trabalhos são sempre pequenas falas, cenas pontuais em filmes, séries e documentários, realities. Mas a primeira protagonista foi na novela – My Home My destiny – exibida na HBO-Max. É uma experiência incrível, quando passo a respirar juntos com a personagem, cria-se um laço entre mim e a atriz em cena, ou seja, o “rapport” acontece.
WHIZ: Qual é o seu processo de preparação para uma sessão de dublagem?
Vany: A primeira atitude é ler muito, sempre que possível, fazer uma oficina de teatro, para nós atores, é como fazer academia de ginástica, temos que estar em forma para qualquer personagem que aparecer. Outra é sempre ter o acompanhamento de uma fonoaudióloga, nosso instrumento de trabalho tem que estar sempre azeitado.
WHIZ: Qual é o personagem que você mais gostou de dublar e por quê?
Vany: A personagem Teresa da série Glitter Model – Toda menina tem seu brilho. É uma produção nacional e é voz original. Quer dizer, quando a série é exportada, as dubladoras dos outros países vão dublar a partir da minha interpretação.
WHIZ: Qual foi o maior desafio que você enfrentou como dubladora?
Vany: Qual foi o maior desafio que você enfrentou como dubladora? É o desafio de todos que se ingressam nessa profissão, ganhar a confiança dos diretores para escalar você para uma personagem, seja ela de destaque ou não.
WHIZ: Quais são seus objetivos futuros como dubladora e o que você está fazendo para alcançá-los?
Vany: Quero fazer grandes personagens, dublar grandes atrizes, como a Viola Davis, por exemplo. Mas pra isso tenho que me manter sempre me aprimorando, fazendo oficinas de teatro, mantendo minhas leituras diárias.
WHIZ: Como você lida com o recebimento de críticas ou comentários negativos sobre o seu trabalho?
Vany: Primeira coisa é filtrar os comentários, principalmente, quando vem de um diretor, ou de um profissional de referência, aproveito cada dica pra melhor.