A batalha dos egos
Relembre os fatores fundamentais para o fim de uma das maiores bandas da história
Mal sabiam os espectadores que assistiram a apresentação dos Beatles no telhado da sede da gravadora Apple, em 30 de janeiro de 1969, que presenciavam o show derradeiro da banda. John, Paul, George e Ringo ainda lançaram mais dois álbuns juntos, mas a relação entre os garotos já não era a mais mesma. Afinal, o que levou uma das maiores bandas de todos tempos a entrar em colapso e se desfazer?
Um dos principais fatores para a dissolução dos Beatles foi a morte do empresário Brian Epstein, o homem que avistou os quatro músicos no Cavern Club, em Liverpool, Inglaterra, e os transformou na maior banda do mundo. Apesar de não participar das composições, Epstein era extremamente importante por seu trabalho nos bastidores, já que era o responsável por harmonizar os egos do grupo. Quando morreu, em 1967, no auge dos Beatles, após lançarem o disco Sgt. Peppers, a batalha entre os principais egos se intensificou sem que houvesse alguém para conciliar a relação entre os pop stars.
Após a morte do primeiro empresário do grupo, criou-se um atrito entre os integrantes para decidir quem seria o próximo a cuidar dos negócios da banda. Paul sugeriu que Lee Eastman, pai de Linda, sua futura esposa, assumisse a função. A recomendação não foi aceita pelos outros integrantes que optaram pelo empresário e produtor Allen Klein. Sob o comando do americano, o relacionamento entre os rapazes se deteriorava cada vez mais. Klein trabalhava justamente para que o John, George e Ringo protagonizassem grandes batalhas contra Paul.
Além disso, outros fatores prejudicaram a continuação dos Beatles. O surgimento de Yoko Ono (musa de John Lennon) na vida dos músicos em 1968, é outro ponto que ajuda a explicar a ruptura. A presença constante de Yoko no estúdio, quebrando um pacto feito entre os músicos de não levar ninguém às gravações, é considerada a catalisadora do fim de um ciclo que já parecia insustentável.
George Harrison, por exemplo, já não aguentava mais a arrogância de McCartney e fazia pressão para que suas canções fossem mais aproveitadas nos discos. Em entrevista à Rolling Stone, no final de 1970, John falou sobre o fim do grupo. “Não aguentávamos mais ser figurantes do Paul. Depois da morte do Brian, foi o que aconteceu. Paul assumiu o comando e, supostamente, nos liderava. Acho que Paul tem a impressão que devíamos ser gratos pelo que ele fez, sabe? Por ele ter incentivado a continuação dos Beatles, mas quando olhamos objetivamente, ele fez isso pelo seu próprio bem”, desabafou.
O que fica claro é que os Beatles acabaram graças a um erro de gestão. Allen Klein lucrou muito e pouco se esforçava para acalmar os ânimos entre os integrantes. Os problemas com Yoko poderiam ter sido facilmente resolvidos por Brian, assim como o protagonismo excessivo de Paul. Mesmo após as brigas, a imagem construída ao longo de 13 discos reserva um lugar de intocável para os eternos garotos de Liverpool na história da música.