A estética de Tyler, the Creator

Tyler Okonma, rapper e produtor musical nascido em Los Angeles, Califórnia, nos Estados Unidos, é conhecido por seus visuais extravagantes e suas estéticas únicas, tanto como liricista e compositor quanto como diretor visual de seus álbuns. Conhecido artisticamente como Tyler, the Creator, ele fundou, inicialmente o grupo de hip hop Odd Future, que tem 7 álbuns de estúdio e é ganhador do Grammy Awards e outras premiações como Video Music Awards da MTV.

Flower Boy (2017)
Com parcerias como Jaden Smith, Rex Orange County, Frank Ocean, Kali Uchis, Steve Lacy, Lil Wayne e A$AP Rocky, Flower Boy é considerado um marco na carreira do rapper. Com uma estética voltada à natureza, abelhas e flores, o álbum é a redenção de Tyler depois de letras e composições antigas que eram misóginas e preconceituosas. Flower Boy é melódico, com transições fluidas e gentis e composições que falam de seus amantes, principalmente em See you Again, em que Tyler canta sobre sentir falta de um amor que já foi embora. O rapper, apesar de ter trazido músicas mais alternativas para esta era, não deixou de fora composições parecidas com as do álbum Cherry Bomb, como em Who Dat Boy com o A$AP Rocky, em que o ritmo cortante do rap e as letras ousadas, falando de dinheiro e carro, entregam uma versão do Tyler vista apenas em Odd Future.

Flower Boy se torna a nova personalidade de Tyler, ele se emancipa de suas versões antigas e celebra sua própria sexualidade e vulnerabilidade em letras como I’ve been kissing white boys since 2004 da faixa I Ain’t Got Time. Os videoclipes ainda exibem muito da estética de Wolf e Globin com a bizarrice e os tons mais noturnos, que apesar da estética florida, ainda permeiam pelo quarto álbum de estúdio do rapper. As faixas mais conhecidas são See You Again, com a Kali Uchis, e 911 / Mr. Lonely, com o Frank Ocean e o Steve Lacy, que com certeza carregam a essência de Flower Boy e as intenções de Tyler por trás das composições.

Uma das produções mais interessantes dentro da era Flower Boy é o mini-documentário e entrevista: FLOWER BOY: a conversation, dirigido por Tyler e apresentado pelo comediante e escritor Jerrod Carmichael, em que o rapper destrincha faixa por faixa e conta sobre a história das letras, das produções e dos dias que as músicas foram feitas – além de suas expectativas e determinações em estar se expondo pela primeira vez dentro da música com suas composições.

IGOR (2019)
Igor, além de ser o quinto álbum de Tyler, também é a sua quinta persona, depois de suas antigas variantes como Globin, Wolf e Flower Boy. A produção não conta com nenhum featuring, apenas participações especiais citadas nos créditos como Playboi Carti, Lil Uzi Vert, Frank Ocean, Solange, Kanye West e outros, além dos vocais que contam com artistas como Slowthai e Pharrel. O álbum se tornou o número um mundialmente, foi indicado ao Grammy Awards e venceu na categoria Melhor Álbum de Rap em 2020.

A produção de IGOR, apesar de contar um lirismo muito melódico e letras vulneráveis, assim como em Flower Boy, também traz um instrumental pesado e sintetizado, em que Tyler pôde navegar entre batidas naturais e beats produzidos sinteticamente misturando rap, soul e R&B. Igor soa metálico e industrial, quase futurista, principalmente na faixa NEW MAGIC WAND que, honestamente, tem um dos vocais mais crus e intensos do álbum.

A estética da era fica para a peruca bob cut platinada e os ternos coloridos e extravagantes, o oposto de Flower Boy, que contava com uma ideia mais relaxada, fotografia mais colorida e roupas mais simples, quase como se Tyler estivesse de férias em um lugar paradisíaco. O visual dos shows sempre foi muito elegante e clean, apesar do glitter, do ritmo e da energia entusiástica de Tyler. IGOR é como assistir um filme de suspense, cada música é uma versão do Tyler explorando seu lado de produtor e suas habilidades de mixagem, além das claras batidas assustadoras e ansiosas na maioria das faixas.

Uma das apresentações mais marcantes da era IGOR foi no Grammy Awards 2020, onde Tyler faz um medley entre EARFQUAKE e NEW MAGIC WAND. Os vocais de EARFQUAKE ficaram para Charlie Wilson e o grupo Boyz II Men, já em NEW MAGIC WAND, Tyler faz os próprios vocais sombrios da composição e se junta com um grupo de várias cópias suas para uma apresentação arrepiante.

CALL ME IF YOU GET LOST (2021)
Lançado há quase um mês, CALL ME IF YOU GET LOST é o sexto álbum de estúdio de Tyler, the Creator. O ícone do rap, Dj Drama, entra como host na produção e conta com featurings de 42 Dugg, YoungBoy Never Broke Again, Ty Dolla $ign, Lil Wayne, Teezo Touchdown, Domo Genesis, Brent Faiyaz, Fana Hues, DAISY WORLD, Lil Uzi Vert e Pharrel Williams – além da participação especial de Frank Ocean na outro da faixa Lemonhead.

Depois da persona “Igor”, Tyler se apresenta em sua nova era como “Tyler Baudelaire” – referenciando o aclamado poeta francês Charles Baudelaire com o sobrenome – em sua capa, com o documento de identificação de seu novo alter ego. CMIYGL é a junção de dez anos de carreira e história de Tyler. É a volta de um som mais centralizado para a rima, com versos icônicos como em LUMBERJACK, letras intensas como em MASSA e uma participação fenomenal de Lil Wayne em HOT WIND BLOWS – com um dos versos featurings mais coesos do álbum inteiro.

Comparado a Bastard, o primeiro projeto solo de Tyler, uma mixtape de 2009 e também a outras mixtapes dos anos 2000, Call Me trata de assuntos polêmicos e sensíveis que aconteceram na carreira de Tyler – tanto aqueles que foram ao ar, como seus versos violentos e preconceituosos, quanto aqueles que nunca foram comentados pelo próprio rapper, como a vida pessoal de sua mãe. Este é um álbum maduro em que conseguimos ver a completa evolução de Tyler iniciada lá em Flower Boy e que influenciou o rapper a produzir um álbum cheio de história, conteúdo e com uma produção visual e sonora impecáveis.

Por conta da pandemia, Tyler fez questão de divulgar o primeiro show de CALL ME IF YOU GET LOST em seu canal no Youtube, onde, além das apresentações, conta com diversos momentos de interação com o público em que ele conta um pouco mais sobre a produção e criação do álbum.

 

 

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