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A luta pela garantia do futuro continua

As manifestações britânicas de 2019 com origens no mundo de 1968

 

No mês de fevereiro, milhares de adolescentes britânicos se juntaram, faltaram às aulas e foram às ruas exigir medidas ambientais mais severas em relação às extinções de animais, à elevação dos níveis do mar que podem chegar a inundar o país e à diminuição das temperaturas do globo. Transbordando vontade de mudança, os participantes reivindicaram novas iniciativas por parte do Parlamento e da Primeira Ministra Theresa May.

O Reino Unido presencia uma onda de manifestações, de maioria jovem, protestando a posição do governo em relação às mudanças climáticas e o agravamento do efeito estufa. Esse fenômeno – essencial para a vida humana – hoje encontra-se intensificado após anos de emissão de gases estufa, resultado do uso de combustíveis fósseis como gasolina e carvão mineral, do desmatamento e da poluição. A ilha britânica sofre, particularmente, com a elevação dos níveis marinhos, queimadas e aumento das temperaturas atmosféricas.

Jovens britânicos em fevereiro desse ano

Preocupados com seu futuro, crianças britânicas aludem aos estudantes europeus que nos anos 1960 buscavam emancipação de governos autoritários e principiaram a Contracultura. Esse movimento passou por diversos países propondo a mudança de valores, partindo de suas roupas até o jeito de enxergar o amor, em meio a uma onda de ódio e guerras – como a do Vietnã. Frases como ‘‘Make Love Not War’’ guiavam os jovens daquele período.

Reunião de jovens em maio de 1968 em Paris

Mergulhados nesse cenário, a juventude europeia se une, hoje, para lutar contra o descaso governamental com o meio ambiente, dentro de um cenário de emergência climática. Esse sentimento é compartilhado por vários países como Suécia, Alemanha, Bélgica, Holanda, Austrália, Áustria, Finlândia, Dinamarca, Japão, Suíça, Reino Unido e Estados Unidos, que foram tomados por manifestações.

Atualmente, inspirados na atitude revolucionária dos estudantes em 1968, os eventos foram recheados de pequenas grandes vozes, como a sueca Greta Thunberg, ativista desde os nove anos. Agora com dezesseis, ela continua incomodando e questionando seus líderes, motivo pelo qual ela discursou na última COP24 – Conferência sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas, realizada em Katowice, na Polônia.

A jovem ativista em seu discurso na conferência

Em um país que lida com a poluição dos ares e as suas consequências, desde a Revolução Industrial, os membros do poder ainda postergam propostas de caráter ambiental. Situação ilustrada pela moção declarada pelo Partido Trabalhista Britânico que declara estado de emergência climática no país, porém – por não ser vinculativa –  não obriga o governo a adotar nenhuma medida. Além de levar a declarações como a de Michael Gove, Secretário do Meio Ambiente, que durante os debates da Câmara assumiu a existência de uma emergência mas descartou a possibilidade de declará-la.

E no Brasil? Dentro de um cenário de negação dos efeitos do desmatamento e da exploração agropecuária exagerada, além de Ministérios encabeçados por céticos e pecuaristas, os brasileiros ainda se revoltam e buscam, assim como os britânicos, uma forma de chamar a atenção dos governantes para seus futuros.

Apesar da menor adesão à causa, resultado de grupos e movimentos ambientalistas enfraquecidos, lugares como Mogi das Cruzes (SP), Rio de Janeiro, de Florianópolis (SC), Imbé e Santa Maria (RS), Juazeiro do Norte (CE), Belo Horizonte (MG), Goiânia (GO) e Recife (PE), aderiram às greves no início do ano.

Representantes do movimento em Recife

Ainda hoje, o movimento da ‘’Youth Strike4Climate” – Jovens em Luta pelo Clima, em inglês – continua com manifestações marcadas para o final do mês de maio em diversas cidades do Reino Unido e do mundo.