Aprender para combater
Mulheres de idade no Quênia estão aprendendo artes marciais para combater estupros
Korogocho é uma das maiores favelas de Nairobi, no Quênia. As mulheres de lá estão aprendendo artes marciais, mais precisamente o karatê, mas para quem pensa que a motivação delas é algo bom, está enganado. A motivo para os treinamentos é revoltante: elas lutam para se defenderem de estupros.
No Quênia as mulheres são obrigadas a viver uma realidade devastadora e cruel. Segundo estatística realizada pelo governo do país em parceria com a ONU, mulheres têm 30% de chance de sofrer algum tipo de abuso sexual durante a infância ou adolescência. Ou seja, um terço das quenianas menores de idade terá sido vítima de alguma violência sexual antes de completar 18 anos.
Se não bastasse o absurdo envolvendo estes dados, idosas também se tornaram alvo de estupradores por outro motivo assustador. O Quênia é um dos países africanos que enfrenta uma epidemia de AIDS e, por serem pessoas de idade, o risco de terem HIV positivo é menor. Por conta disso, o estuprador tem menos probabilidade de se infectar.
A favela, que tem cerca de 160 mil habitantes vivendo em uma área de 1500 metros quadrados, é uma das regiões mais pobres e violentas do Quênia. No local, a maioria das pessoas sobrevive daquilo que conseguem retirar do lixo, e para as mulheres é arriscado andar pelas ruas, inclusive durante o dia.
Para garantir chance de defesa à essas mulheres, com idades entre 60 e 80 anos, elas estão recebendo as aulas desde 2007, e segundo a professora de artes marciais, Sheila Kariuki, o principal objetivo é ensinar essas mulheres a acertarem pontos chave de seus violentadores, como nariz, queixo, clavícula, e os órgãos genitais.
Assim, essas senhoras também poderão ajudar a treinar outras mulheres, garantindo assim que mais meninas, jovens e senhoras possam se defender de estupros.
https://www.youtube.com/watch?v=xUerbTLIcrI