Au Pair: Uma experiência de amadurecimento
Jovens lidam com a dualidade de conhecer novas culturas, mas trabalhar no mesmo lugar em que moram
Au Pair é um programa de intercâmbio que leva mulheres de 18 a 26 anos para outros países para que possam experienciar novas línguas e culturas. Neste período, as jovens cuidam de crianças e convivem com uma família diferente, onde conseguem aprender o idioma local e também fazer cursos de especialização no tempo vago. Prática ainda pouco conhecida no Brasil, o Au Pair é talvez um dos intercâmbios mais baratos para se fazer e aquele que mais te imerge na cultura do novo país.
Laiza Francine, 26, fisioterapeuta formada no Brasil, mas atualmente Au Pair nos Estados Unidos, há dois anos e dois meses, sempre teve vontade de sair do país, mas os intercâmbios eram muito caros. Por meio de uma paciente, Laiza recebeu um apoio enorme para procurar saber mais sobre como poderia fazer isso. Assim, após comentar com a mesma paciente que sua mãe havia feito intercâmbio quando era mais nova para ser babá no Canadá, ela foi incentivada a buscar alternativas parecidas. E foi assim que, na época com 24 anos, descobriu que poderia ser Au Pair.
Antes de tomar a decisão de viajar como Au Pair, Laiza já estava há três anos na área da saúde e iniciava uma nova fase dentro de sua carreira. Ela então decidiu que antes de sair do país deveria vender todos os equipamentos que tinha, finalizar os atendimentos com pacientes que tinha contrato e vender sua moto – assim como também iniciar o tratamento de sua mãe que na época estava doente. “A decisão de deixar a minha carreira foi muito bem pensada, porque eu sabia que tudo que eu tenho, eu conquistei com muito esforço, muito suor e muito trabalho duro. Então, se eu consegui uma vez, eu poderia conseguir novamente quando voltar.”
Após chegar aos Estados Unidos, Laiza conta que o primeiro choque de cultura com o outro país foi logo na primeira semana quando chegou na casa de sua host family. O menino que cuidava praticava futebol e ela precisava acompanhá-lo no clube, tendo, então, o primeiro contato com todos ao seu redor falando em inglês. “Eu me senti dentro de um filme, um filme americano […] Era como se eu estivesse em um filme sem legendas.”
Assim como Laiza, Mayara Serafim, 27, Au Pair nos Estados Unidos, também teve na distância linguística o seu primeiro choque cultural: “Mesmo vindo com o inglês intermediário, eu tive muita dificuldade com o listening. […] Quando coloquei meus pés no país e pensei: Ninguém fala português! Era muito estranho, muito diferente a experiência de você ouvir, parece que você está em um filme que todo mundo só fala inglês.”
Mayara também sempre sonhou em fazer intercâmbio, mas nunca teve condições de pagar um de fato. Assim, o programa Au Pair se tornou a melhor alternativa. “Eu tive que manter um foco muito grande pra guardar dinheiro, mesmo sendo um intercâmbio barato, eu não tinha 5 mil reais, 6 mil reais guardados, então eu tive que guardar e me privar de muitas coisas […] Tive que correr atrás de tirar a carteira de motorista, melhorar meu inglês e ter experiência com crianças que não fossem da minha família.”
Apesar do intercâmbio Au Pair parecer ser a alternativa mais viável para quem quer poupar dinheiro e ainda sair do país, vale a pena destacar que é preciso muita inteligência emocional para conseguir lidar com uma família completamente diferente em um local que você nunca morou. Ainda mais por um período bem mais longo do que as férias comuns. “Esse é realmente um intercâmbio de trabalho, não é aquela visão ‘só vem pra cá para ter férias, viajar o mundo todo’ […] A maior parte do tempo você passa trabalhando ou com a família. Isso pode ser muito cansativo, mesmo você gostando muito de crianças [..] Você precisa cumprir horas, por que é o que o seu contrato determina”, explica Laiza.
Ela também ressalta: “Prepare bastante o seu psicológico”. Laiza comenta como as mudanças, novas rotinas e novas pessoas podem sim afetar seu bem-estar. “A gente está morando com os nossos chefes”. Além disso, salienta o cuidado que devemos tomar com o dinheiro. Por mais que pareça muito no começo, é muito fácil se perder e acabar gastando mais do que se deve, atrapalhando seus planos futuramente. “Tenha claro na sua cabeça quais são os seus objetivos, aquilo que você quer realizar no seu programa de Au Pair, porque o tempo passa muito rápido. E se você não tiver um bom planejamento, se perder no meio do caminho pode te prejudicar no final.”
Ademais, não só o dinheiro te ajuda a atingir uma independência social e cultural em outro país. Mayara explica como o inglês também pode mudar completamente sua experiência no exterior: “Estude o máximo de inglês possível. […] Não precisa vir com o inglês avançando, mas um inglês que você consiga se comunicar, porque a gente passa muito perrengue por conta da língua. É muito frustrante você querer entender e não conseguir ou querer se comunicar e não conseguir. E também por questão de emergência.”
Apesar do estresse e dos problemas diários, o programa Au Pair ainda é uma experiência que nem Mayara e nem Layza deixariam de ter feito. Laiza comenta sobre como aprendeu muito sobre responsabilidade e paciência, em seu período de dois anos. Cuidar de crianças por todo aquele tempo foi sua primeira experiência, isso a levou a repensar a maneira que lidava consigo mesma. Além da independência gerada por estar em outro país sozinha, em que você acaba tomando as decisões confiando em si mesmo e naqueles que conheceu, agora considerados família.
“E o mais importante foi que eu aprendi que nossos sonhos podem sim ser realizados. Sonhos estão aí para serem sonhados e a gente pode sim realizá-los correndo atrás deles e fazendo aquilo que está ao nosso alcance para que se tornem realidade […] Às vezes, aquilo que a gente pensou, aquilo que a gente sonhou, pode acontecer mil vezes melhor”, Laiza complementa. “Só estando aqui, só vivendo o Au Pair para você saber o que realmente o Au Pair é e tudo aquilo que ele pode fazer para você”. Ela planeja se tornar Au Pair na França em 2022 e sempre sonhou em morar no país e aprender francês.
Mayara não planeja voltar para o Brasil ou sair dos Estados Unidos como Au Pair, apenas para viajar, mas deixa um conselho final: “Não deixe de fazer nada por medo. Venha de mente aberta e de coração aberto, não é um intercâmbio fácil. […] E faça terapia.”
Essa parte do processo e a que gera mais ansiedade. Cada e-mail que a gente recebe a barriga gela, o tempo nao passa e e dia apos dia esperando ansiosamente pelo contato das familias. Outro diferencial que eu AMO no Au Pair Experimento e que as familias podem entrar ao mesmo tempo no seu Application, entao, voce pode conversar com mais de uma e ir selecionando as que mais se assemelham com voce.