Cara a cara: André Henning
Foto: Divulgação
Dono de uma voz inconfundível e reconhecido pelo grande público por sua emoção, André Henning se notabilizou como um dos mais importantes narradores esportivos de sua geração. Foi repórter esportivo por muitos anos e iniciou a carreira na narração no início da década de 2000. De lá para cá, foi responsável por narrações memoráveis em campeonatos como a Liga dos Campeões da Europa e vários outros esportes. Confira logo abaixo a entrevista na íntegra que André Henning concedeu ao Portal WHIZ.
WHIZ: Qual é a sua maior referência no mundo da narração esportiva? Por que?
André: Osmar Santos e Galvão Bueno. O Osmar é uma peça fundamental na minha vontade de querer narrar futebol, de usar as palavras para mexer no imaginário das pessoas e não simplesmente ser um cara que descreve o que está acontecendo. As transmissões dele no rádio me ajudavam a criar imagens na minha cabeça e eu queria ser um narrador como ele. E o Galvão porque foi o maior de todos na televisão. Um no rádio e um na televisão, cada um influenciando de uma certa maneira.
WHIZ: Você já trabalhou em vários eventos esportivos mundo afora. Qual foi o mais inesquecível? Existe algum que você ainda não trabalhou, mas tem vontade?
André: Provavelmente a Copa de 2002 porque foi a primeira grande competição que eu fiz fora. Já tinha feito cobertura de Copa das Confederações, já tinha ido à Copa do Mundo como telespectador, mas nunca tinha trabalhado em um evento desse tamanho. Cobrir a Seleção Brasileira em 2002 em uma Copa do Mundo como repórter, ainda mais com a sorte do Brasil ter sido campeão, foi muito inesquecível. Gostaria de fazer uma Copa como narrador de televisão, vamos ver se um dia eu terei essa oportunidade.
WHIZ: Qual foi a maior dificuldade que você teve que enfrentar em todos esses anos de profissão?
André: Já tive muitos. Coisas como ter que entrar no ar, estar com problema pessoal do lado de fora e ter que se desligar durante algumas horas e focar no que você está fazendo. Tem todo esse lado pessoal da história. E também os desafios técnicos como chegar em um lugar e o satélite não estar funcionando, o som não estar chegando, o retorno não estar legal e tudo mais. São tantos que nem consigo destacar um só.
WHIZ: Quais são as maiores diferenças da narração no rádio e na TV?
André: No rádio você precisa ser mais descritivo, toda hora falar onde está a bola e precisa se acostumar com silêncio quando você está em uma narração de TV. O silêncio faz parte da narração de TV e não faz parte na narração de rádio. Acho que a grande diferença é justamente essa. A parte de descrição eu acabo fazendo bastante na TV porque hoje eu sei que existe muita gente com a segunda tela, com a atenção em outra coisa. Eu narro descrevendo o máximo que eu posso.
WHIZ: Você costuma narrar futebol, mas também já narrou vários outros esportes. Existe algum esporte que seja mais difícil de narrar? E tem algum esporte que você tem vontade de narrar, mas ainda não conseguiu?
André: Eu queria narrar basquete de novo. Eu já narrei NBA, Seleção Brasileira e Copa do Mundo de Basquete. O basquete é um esporte muito legal porque você consegue manter ele vivo até o final. Dez pontos faltando cinco minutos é jogo. E os esportes mais difíceis são aqueles que você não tem intimidade, que não conhece. Eu tive dificuldade no começo para narrar handebol. Depois eu conheci o esporte e me acostumei.
WHIZ: Você é conhecido por inúmeras narrações inesquecíveis, seja de gols ou de títulos. Quais são as suas preferidas?
André: Eu gosto de várias narrações. Eu gosto da narração de Barcelona 6 x 1 Paris Saint Germain, do gol do Neymar na final da Champions League, do gol de bicicleta do Cristiano, de toda a campanha da Seleção Brasileira feminina no Mundial de handebol de 2013. Não dá para colocar uma preferida, mas acho que a que ficou mais na memória do público é a do Barcelona contra o PSG em 2017.
WHIZ: Quais dicas e conselhos você pode dar para quem quer começar uma carreira no mundo da narração e do jornalismo esportivo?
André: O meu conselho é que você goste muito, que leia muito e que veja muita coisa diferente. Hoje em dia, você tem a possibilidade de ver canais de TV de fora, canais de Youtube, mídias digitais e identificar um estilo que queira fazer, para sair do mesmo. Tem que pensar em coisas novas e maneiras novas de se comunicar. Além disso, aprenda idiomas, o máximo que você puder. Eles serão fundamentais.
WHIZ: O que o André Henning do início de carreira falaria para o André Henning de 2021?
André: Eu falaria para aproveitar cada segundo. Você vai “encher o saco” disso em breve, não vai ser para sempre. André, você que está começando, aproveita cada segundo porque vai chegar uma hora que você não vai querer mais. Aproveita porque é legal, você faz amizades e conhece o mundo. Então, desfruta de cada segundo.