Cara a cara: Edgard Vovô

O skate passa a fazer parte das Olimpíadas de Tóquio nas categorias park e street. Em sua luta pelo desenvolvimento e reconhecimento do esporte, Edgard Pereira, mineiro de 37 anos, é consultor técnico da Seleção Brasileira de Park. Para saber mais sobre, a Equipe WHIZ conversou com Vovô, conhecido assim por andar de skate com meninos mais novos do que ele.

 

WHIZ: Qual a sua reação quando soube que a modalidade entraria para as olimpíadas? 

Vovô: A princípio eu era resistente, até entender os benefícios que traria ao skate. Entendi que era uma troca justa, as olimpíadas precisam do skate para ajudar a reconquistar o público jovem e o skate precisa das olimpíadas para ajudar a popularizar o esporte, o que vem acontecendo cada vez mais após o anúncio da inclusão. E é exatamente o que está acontecendo, todos os jovens, hoje, estão ansiosos para saber como o skate vai se comportar nos Jogos. 

 

WHIZ: Como você vê a modalidade após 2020, há projeção de desenvolvimento? 

Vovô: Acredito que após os Jogos o mundo inteiro vai respeitar o skate, independentemente de qual país for medalhista. É uma ótima oportunidade para mostrarmos ao mundo o skate competitivo. Acredito também que teremos muito mais pistas espalhadas por todos os lados, consequentemente mais pessoas andando de skate. Na verdade, já estamos colhendo frutos, nesses 20 anos no mercado, vejo claras as mudanças. Hoje, somos o segundo esporte mais praticado no Brasil, perdendo apenas para o futebol.

 

WHIZ: Quais as expectativas para as olimpíadas?

Vovô: As expectativas são as melhores possíveis, porém temos muito trabalho pela frente e muito pouco tempo! Por mais que o Brasil sempre tenha sido uma potência no skate mundial, não podemos acomodar e achar que estamos preparados e que vai ser fácil. Porque não vai. A verdade é que temos os melhores e os mais talentosos skatistas! E temos uma coisa que poucos têm, uma Confederação que luta pelo nossos interesses. Estamos trabalhando duro e temos o mais importante: a alma do skate e o sangue no olho de campeão! É com esse sentimento que vamos para as olimpíadas.

 

WHIZ: Qual o seu papel como consultor?

Vovô: Além da parte técnica, meu papel é passar para os atletas toda minha experiência e vivência como skatista. Independente do lado competitivo, a minha ideia é mostrar o quanto é importante cuidarmos de todos os pontos, como a disciplina e o comprometimento, porque um atleta olímpico precisa ser mais do que apenas bom no esporte. Se você não alinhar os pontos e se dedicar de verdade para chegar onde quer, nada vai acontecer, então meu papel é orientá- los o melhor caminho a trilhar esse desafio.

 

WHIZ: Como é a relação com os atletas? O fato deles serem mais jovens ajuda ou atrapalha em algo?

Vovô: Para mim essa é a parte mais fácil, uma vez que já convivo há muito tempo com esses skatistas. Está sendo muito gratificante e divertido (como o skate tem que ser). Os meninos já estão mais acostumados comigo, pois sempre viajamos juntos para as competições e a maioria, literalmente, vi crescendo. As meninas, por mais que antes não tivéssemos tanta proximidade, hoje, já tenho com elas a mesma relação que a dos meninos. Verdadeiramente, está sendo muito gratificante!