Cara a Cara: Priscila Kamoi
Após ser diagnosticada com câncer de tireoide, cisto no ovário e endometriose, aos 24 anos, Priscila Kamoi deixou sua carreira corporativa para transformar seus hobbies em sua nova profissão. A blogueira que encanta tanto com seu lema de vida, “A felicidade é uma jornada, não o destino. O tempo para a felicidade é hoje e não amanhã”, quanto com seus mais de 100 artigos e roteiros dos 32 países pelos quais passou, contou um pouco mais sobre sua trajetória e pontos de vista para o seu futuro.
WHIZ: De que forma fazer faculdade em outro país te influenciou?
Priscila: Acredito que ter concluído minha faculdade nos EUA me formou como ser humano e não somente em Marketing e Management, que foi o meu curso de graduação. Nos EUA, além de ter as matérias de business, para me formar eu tinha que cumprir matérias em outras áreas. Eles acreditam que deve se formar um ser humano como um todo, então somos obrigados a atender matérias além da nossa área como por exemplo, ciências, educação física, artes, comportamento humano, então eu aprendi muito sobre outras coisas. Lá, eles valorizam muito artes e esportes. Além disso, todos os alunos moram no campus, eu dividia um quarto com uma pessoa que eu não conhecia e aperfeiçoei muito meu inglês. Essa formação nos EUA foi um diferencial enorme no meu currículo e como aprendi muito com a cultura deles, voltei muito mais madura para o Brasil. Nesse artigo eu explico melhor : http://jornadakamoi.com/12-fatos-sobre-como-e-fazer-faculdade-dos-eua/
WHIZ: Quanto tempo após ser diagnosticada com câncer você passou a viajar pelo mundo?
Priscila: Eu sempre viajei pelo mundo, antes mesmo de ter o blog. Porém, comecei a compartilhar no blog em abril de 2014, quatro anos após ter câncer de tireoide e dois anos após ter o cisto no ovário.
WHIZ: Entre tantos países e roteiros, qual é o seu favorito?
Priscila: Não tenho um lugar favorito, acho que cada um tem uma beleza específica. Gosto muito do Japão, mas por ter descendência japonesa, sou suspeita para falar. Acredito que por ser um país com uma cultura tão distante da nossa, eles têm muitos hábitos exemplares que aprendi com eles. Por exemplo, educação, organização, segurança, fazer as coisas certas, espiritualidade e respeito. Sempre digo que o melhor do Japão é estar no Japão, e não um ponto turístico ou uma cidade específica. Aprendi muito e evoluí como pessoa lá. Gosto muito de praias paradisíacas, esquiar, mas valorizo muito o Brasil, onde já pude conhecer 15 estados. A diversidade que a gente tem aqui é incrível, como trilhas, cachoeiras e praias.
WHIZ: Como foi para você transformar seus hobbies, como viajar, ler, escrever e fotografar em trabalho e fonte de renda?
Priscila: Quando eu estava infeliz no mundo corporativo, comecei a refletir sobre o que eu mais amo fazer nessa vida ou o que eu faria de graça. Sempre senti uma presença no aqui e no agora quando estava viajando, porém não basta somente viajar para ser blogueiro de viagens. Eu sempre li muito e escrevi bem, além de gostar de fotografia. Então juntei tudo, as viagens, os pensamentos, as fotografias e decidi compartilhar minha história. No primeiro ano, como todo negócio, foi difícil, eu escrevia toda semana sem ganhar nada. No segundo ano, comecei a rentabilizar e se tornou o meu trabalho.
WHIZ: Como foi benéfico para você passar a investir na sua vida diária?
Priscila: Como eu tenho senso de urgência na minha vida, devido às doenças que eu tive, sempre procurei viver o dia de hoje, aqui e agora. Hoje em dia eu sou muito feliz de fazer algo que eu amo, com propósito e sentido na minha vida. Deixei de lado coisas materiais e financeiras, me desapeguei de querer ser milionária, gerente de uma multinacional ou ter uma mansão e valorizo outras coisas da vida. Tenho muita gratidão e aprendi a ser forte.
WHIZ: Como foi a experiência de escrever um livro?
Priscila: Meu sonho sempre foi ter um livro, mas além disso ter uma vida notável. Por isso o nome do livro: “Uma vida notável”. Juntei toda minha trajetória e conhecimento em viagens, felicidade, empreendedorismo, nomadismo digital e compilei em um só. Não tenho livro físico, é online, porém acho que vai ser legal ler daqui uns anos e ver quanta coisa mudou. A gente olha para nossos dias atuais e parece que nada muda, mas quando a gente se vê há um ano, há cinco anos, nós evoluímos muito. Somos outra pessoa.
WHIZ: Qual é a sua inspiração para os negócios, carreira e vida pessoal?
Priscila: Quem mais me inspira são pessoas. Conhecer pessoas interessantes, empreendedoras, inspiradoras me faz seguir adiante. Não somente histórias de sucesso, porque isso todo mundo conta, mas os fracassos e as dores de cada um também. Com certeza tenho altos e baixos, fases que estou mais desmotivada e depressiva, mas a gente tem que aprender a passar por isso. Tudo passa. Inclusive são nos momentos que estou mais triste e reflexiva, que consigo me inspirar e escrever.
WHIZ: Você faz do mundo sua casa ou tem algum lugar no qual você se sente em casa?
Priscila: Sou Curitibana, mas meu sonho sempre foi morar no Rio de Janeiro. Há um ano moro na cidade maravilhosa. Essa cidade tem uma vibe incrível e lembro da primeira vez que pisei aqui e sonhei em um dia morar. Não gosto de morar em vários lugares do mundo, para mim sempre é bom ter um lugar para voltar.
WHIZ: Ao viajar por tantos lugares, o que mais te surpreendeu?
Priscila: Sempre fico mais emocionada quando vou para países mais pobres que o Brasil. Lembro quando fui para Bolívia e vi um senhor chorando pedindo um remédio para o filho dele. A gente aprende muito quando está fora, especialmente em lugares assim. Valorizamos as coisas simples da vida, como ter uma casa, cama, conforto, água e família.
WHIZ: Entre tantas mudanças no mercado empresarial e midiático, quais expectativas você tem para sua carreira no futuro?
Priscila: Meu sonho é ser repórter de viagens na televisão. Na internet, já conquistei muita coisa, e acredito que o público da televisão ainda tem uma abrangência maior e são pessoas diferentes.