Combate ao tráfico de pessoas
Conheça o modus operandi dos golpistas e maneiras de conscientização sobre o crime
Muito ouve-se falar sobre o tráfico de pessoas, mas há uma grande parcela da população de todo o mundo que sabe pouco sobre o crime. Com isso, deve-se saber que é o terceiro negócio ilícito mais rentável, atrás apenas do tráfico de drogas e de armas. Dessa forma, lucra mais de R$30 bilhões de dólares por ano, segundo dados da ONU (Organização das Nações Unidas).
O tráfico de pessoas é o comércio de seres humanos, que podem ser vítimas tanto de exploração sexual, trabalho forçado ou exploração sexual comercial. No Protocolo de Palermo (2003), a ONU definiu o tráfico de pessoas como “recrutamento, transporte, transferência, abrigo ou recebimento de pessoas, por meio de ameaça ou uso da força ou outras formas de coerção, de rapto, de fraude, de engano, do abuso de poder ou de uma posição de vulnerabilidade ou de dar ou receber pagamentos ou benefícios para obter o consentimento para uma pessoa ter controle sobre outra pessoa, para o propósito de exploração“.
Apesar de muitas pessoas imaginarem um indivíduo de aparência desagradável quando pensam em um recrutador de pessoas para o tráfico humano, esta suposição esta completamente errada. Há vários modus operandi (modos de operação), que podem ser aplicados tanto através de um desconhecido (nesse caso, muitas vezes pelas redes sociais) quanto por um parente próximo da vítima. O criminoso nem sempre será alguém com mandato de prisão e tatuagens no rosto. Muito pelo contrário, muitas vezes são pessoas vistas como influentes e de bem pela população.
No ano de 2021, foi divulgado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública que, no Brasil, 37% das vítimas do tráfico humano tinham alto grau de confiança em seus aliciadores antes do recrutamento. Um exemplo disto, que virou filme no ano de 2022, é o caso de Gangubai Kothewali. A ativista indiana foi traficada por seu noivo, Ramnik Lal, após fugir com ele para a grande cidade de Mumbai, o que sempre foi um de seus sonhos. Chegando lá, Gangubai descobre que foi vendida e passa a trabalhar como prostituta nos anos 40.
Há também casos em que as vítimas são aliciadas pela internet, como aconteceu com Sandra, natural de Santa Catarina. A brasileira havia sido contratada para ser babá de três crianças em Zurique, na Suíça. Todavia, era obrigada a trabalhar 18 horas por dia enquanto sofria diversos tipos de humilhação pelo casal de aliciadores. Após dez dias no país, a vítima conseguiu escapar e retornou para o Brasil com a ajuda de uma ONG europeia.
Não são apenas ONGs e grandes órgãos que podem atuar na conscientização do tráfico humano. Pelo contrário, qualquer um pode. Há diversas formas de fazer isso, entre elas pode-se mencionar a divulgação em massa sobre os modos de operação dos criminosos, que pode ser feita através da formação de campanhas e páginas em redes sociais com o intuito de ensinar sobre ações suspeitas que os possíveis aliciadores podem vir a cometer. Entre elas, destacam-se: ofertas de emprego fáceis com um salário alto, convite para visitar algum amigo ou namorado estrangeiro em seu país, convite para ser levado a algum lugar remoto por alguém que acabou de conhecer, promessa de melhor condição de vida em país de primeiro mundo, entre outras.
Espalhe a mensagem, evite que o outro seja enganado. Quanto maior a conscientização, menor será o número de vítimas deste crime.