Conversa de cidade pequena

 

Barreiras é uma cidade realmente muito pequena. Dona Ana, nossa vizinha, hoje mesmo me contou sobre a filha do seu Elisio, que saiu escondida de casa pra ir pular carnaval lá na beira do cais. 

     – Ela desceu escondida, encontrou a menina de cumadre Maria e as duas foram embora. Ocê acredita, minha filha?

     – Acredito, Dona Ana. 

     – É um absurdo, né mesmo?

     – Um absurdo.

Dona Ana achava de muito mal gosto, duas meninas tão novas saírem assim, desacompanhadas.

     – Elas não têm 22 anos, dona Ana?

     – Tem, mas moça assim não pode sair desacompanhada do pai ou do namorado.

     – Ah, sim. Entendi!

A sacola que eu carregava já estava com o pão esfriando, quando a vizinha percebeu ela na minha mão.

     – E ocê, minha filha, de onde vem tão cedo? Foi comprar um pão pro café?

     – Eu tava pulando carnaval lá na beira do cais, dona Ana, mais a filha de seu Elisio e a filha cumadre Maria. Só passei ali na padaria pra trazer pão pra mainha. 

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