Eleições EUA 2020
A eleição para o novo presidente dos Estados Unidos vai acontecer no dia 03/11, ela traz mais polêmica do que as anteriores, principalmente por conta do atual presidente americano Donald Trump e seu concorrente Joe Biden. Trump está sempre nas mídias e constantemente utilizando comentários afiados, mas esse ano seu índice de popularidade e aprovação despencaram por conta de casos extremos que toda a humanidade vivenciou. Para falarmos do assunto, é necessário entendermos como as eleições norte-americanas funcionam e como os acontecimentos no ano de 2020 as influenciam.
Programas de governo:
O programa do governo Biden, tem a exigência de uma política mais globalista, uma economia mais aberta e uma integração maior com o mundo, enquanto o governo Trump tem um propósito mais nacionalista e de uma economia baseada em indústria e proteção de emprego para os americanos.
Como funcionam as eleições nos EUA:
Diferente do Brasil, as eleições norte-americanas adotaram um método chamado de “colégio eleitoral”, em que um candidato à presidência pode vencer com menos votos. O primeiro aspecto que diferencia as duas eleições é o fato de não ser obrigatório o voto nos Estados Unidos, o que significa que ninguém é obrigado a votar por lei, como no Brasil. O segundo aspecto é o peso de voto por estado, em que cada área possui um prestígio, ou seja, dependendo da quantidade de pessoas que vivem em um estado os votos naquele local tem um peso maior ou menor que os outros. O terceiro aspecto está ligado ao peso dos votos. Quando os eleitores vão às urnas, eles não estão votando diretamente no candidato que eles preferem, e sim nos membros do “colégio eleitoral”. Esses integrantes são conhecidos como delegados, no qual cada estado possui uma certa quantidade, e esses são os responsáveis por eleger o próximo presidente. As regiões com maior população são aquelas que possuem mais delegados, por isso o peso do voto muda dependendo da área.
Um candidato à presidência precisa conquistar cinquenta por cento mais um do voto popular de uma região, (voto popular = voto das pessoas), para poder obter os votos dos delegados daquela região. Um exemplo disso é a Califórnia, estado mais populoso do país com quase 40 milhões de habitantes. A região possui 55 delegados, se a maior parte dos votos na Califórnia forem para o Trump, todos os 55 votos dos delegados também vão, porém, cada delegado pode votar em quem bem entender. Ao todo são 538 votos no “colégio eleitoral”, sendo 191 deles dos estados da Califórnia, Nova Iorque, Texas, Florida, Illinois e Pensilvânia. Se um candidato tiver pelo menos 270 votos ele vence a disputa presidencial. Com isso, mesmo que as pesquisas apontem que o 45º presidente dos Estados Unidos esteja atrás na disputa pela presidência, não significa que as chances dele de ser reeleito diminuíram.
Impacto da covid-19:
Entre os impactos causados no mundo em 2020, o coronavírus foi o que mais provocou estragos. A covid-19 abalou o mundo inteiro, principalmente o setor da economia, fator fundamental nas eleições de um país. A principal economia do mundo também sofreu danos. “No começo do ano, se apostava de olho fechado que o Trump seria reeleito por conta de medidas protecionistas. Inclusive, ele colheu resultados econômicos muito significativos. Só que, com a gestão da pandemia, a economia americana teve um baque de mais de 30% no primeiro trimestre”, conta Victor Irajá, 24 anos, repórter da VEJA.
Com uma organização calamitosa, os Estados Unidos se tornaram o epicentro da pandemia com maior número de mortes, mais de 228 mil, e infectados, quase nove milhões. “Evidentemente isso afeta a credibilidade de qualquer um, tanto como gestor da pandemia, como candidato à presidência. O negacionismo em relação ao vírus também atingiu de forma muito latente a imagem dele”, completou Victor, a respeito do modo como Trump se posicionou durante a pandemia.
Já a especialista em política externa dos Estados Unidos, Luiza Mateo, 33 anos, conta que para ela, o fator decisivo dessas eleições são as pessoas que vão votar e a mobilização para o voto. Luiza também é professora de Relações Internacionais na PUC e completa dizendo qual o impacto que a pandemia e os assassinatos e greves de pessoas negras têm nessa disputa presidencial: “Acredito que ambos sejam fatores determinantes nessas eleições, porque trazem elementos estruturais, como a gestão de saúde pública e a questão do racismo estrutural, que não são tópicos novos, mas são agravados pelos movimentos recentes”.
Possíveis Cenários:
Caso Biden ganhe as eleições, algumas mudanças podem ocorrer no posicionamento dos Estados Unidos em um palco internacional. A tendência é que Biden retome as negociações deixadas de lado por Trump e tente aproximar novamente as alianças desfeitas com a União Europeia e a ONU. Biden também aparece em um campo mais progressista, mesmo que moderado, mas que tenta sinalizar para uma ampliação da cobertura de saúde e também se coloca contra supremacistas brancos. Caso Trump vença, o cenário possivelmente continuará o mesmo, com negacionismo, afastamento das fontes científicas e a priorização da economia.
Eleições americanas no Brasil:
A influência política que os Estados Unidos têm sobre o Brasil nos dias de hoje é muito grande e a relação entre os dois países está baseada no vínculo pessoal e no alinhamento ideológico dos dois presidentes. “Uma possível vitória do Biden poderá significar um enfraquecimento tanto das relações Brasil e Estados Unidos, quanto do próprio bolsonarismo. Também pode causar um isolamento brasileiro no cenário internacional”, comenta Luiza.
Votos por correio:
Os americanos poderão votar sem sair de casa, pois o país autoriza a votação por correio. Um método que já tinha sido utilizado em eleições anteriores, mas que ganhou forças com a pandemia. Segundo uma matéria do New York Times, 64,4 milhões de cédulas já foram enviadas a norte-americanos em 30 estados e no DC (Distrito de Columbia, onde fica a capital dos EUA). São 31% dos 209,5 milhões de eleitores registrados que já podem votar desse jeito. No voto por correio, o eleitor deve escolher um dos candidatos e enviar a cédula com até um dia de antecedência para as autoridades, mas em alguns estados os votos podem ser enviados no dia das eleições. Desse modo, as pessoas evitam aglomerações e evitam ao máximo a segunda onda do novo coronavírus.