Entre moda e cinema: moldando gerações
A participação da moda na narrativa dos personagens e a construção de uma geração apaixonada pelo mundo fashion e da comunicação.
É certo que o cinema é uma das formas de entretenimento mais amadas e consumidas do mundo, e a moda é um dos seus pontos altos. As produções dos anos 90 e 2000 fizeram uma geração se apaixonar por essa área, com suas personagens cativantes – que geralmente eram jornalistas ou publicitárias – mexeram com os sentidos dos telespectadores, despertando o interesse tanto por moda, quanto por comunicação.
Dentro e fora das telas, a influência da moda é inegável. Partindo dos bastidores, o figurino de um filme é um dos elementos que compõem sua essência, o que é capaz de criar – junto ao cenário, maquiagem e fotografia – a sensação de estarmos em décadas ou até séculos passados. Exemplos disso são filmes como: “Mulherzinhas” (2019) e Orgulho e Preconceito (2005). A caracterização é o que dá rosto ao filme, um claro exemplo de como a moda é uma forma de expressão de ideias.
Os ícones e personalidades do cinema são ferramentas-chave de tendências e mudança de comportamento através da moda. A transformação na percepção sobre o jeans, que hoje é considerado um item casual, é uma trajetória que ilustra a relação entre público e figurino. Com as referências dos marcantes James Dean e Marlon Brando na década de 50, o jeans tomou outra forma, que antes era visto como uma roupa voltada ao trabalho. A presença dos atores e looks famosos, como calça jeans e blusa branca de Dean, criou uma nova percepção, e posteriormente uma tendência
Quem nunca se imaginou em uma cena de filme como um personagem clichê dos anos 2000? As referências são muitas, as jornalistas marcadas na cultura pop como; Jenna Rink (De repente 30), Andie (Como perder um homem em 10 dias), Becky Bloom (Os delírios de consumo de Becky Bloom) e a talvez mais famosa, Andy Sachs de “O diabo veste prada”. O filme ilustra o pensamento clássico sobre as revistas de moda e o mercado em geral, a construção de editoriais, semanas de desfiles, belas roupas, e correr atrás de táxis ao som de uma boa trilha sonora nas ruas de New York, o filme é um dos queridinhos do público.
O que as obras geralmente não aprofundam é o cenário hostil do mercado de moda e comunicação, demandas não saudáveis em agências de publicidade, redações e jornais, onde os profissionais não são compreendidos e levados a um nível de estresse e exaustão. Então, cabe a nós compreendermos os limites do entretenimento e diferenciarmos da realidade, que por mais que amadas, as personagens citadas e muitas outras são representações que fogem do real, distantes do cenário cotidiano.
Apesar disso, os filmes representam uma área de conforto, os clássicos viram lugares seguros que gostamos de acessar e reviver durante o passar de nossas vidas. Assisti-los é como um lembrete de nossas versões passadas, recordar de como desejamos ser estilosos como um personagem de “As patricinhas de Beverly Hills”, tal qual sua protagonista Cher, uma das adolescentes mais estilosas do audiovisual, ou ter o emprego dos sonhos como o da Rachel Green de “Friends” e ser consultora de moda em Paris, todas servem de inspiração e impulsionamento.
A questão é: a união de moda e cinema vai além de belos figurinos e atrizes, ela abrange fatores que mudaram o mercado, inspiraram pessoas e criaram ótimas produções da sétima arte. A história da moda e cinema é antiga e duradoura, “Bonequinha de luxo” de 1961, com Audrey Hepburn e seu icônico vestido de tubo preto, ou os atuais: “Cruella” (2021) e “Emily in Paris” (2020), exemplificam a mistura entre moda, cinema e comunicação.
Claro, no final o grande sortudo é o público, por poder desfrutar de histórias que divertem e inspiram para construir um legado próprio, uma vida que pode ser vivida de forma leve – e claro, fashion – como em um destes milhares de clichês, afinal: “Todo mundo quer ser como nós” – Miranda Priestly.