Herança ao povo preto
Querem nossa cor e não querem nossa dor
A cultura negra passou a ser admirada por sua história, mas até os dias atuais há uma luta desse povo por dignidade e respeito. O respeito que precisa ser lembrado para muitas pessoas, a dor que não os atinge, mas merece um espaço na sociedade como qualquer outra por mérito e esforço triplo para alcançar seus desafios diários.
A aparência já foi motivo de chacota, por ser apenas diferente. O cabelo que antes era menosprezado, hoje virou um símbolo de resistência e faz parte da construção da autoestima para o povo preto.
Desde a infância passam por processos de auto aceitação, não saber como cuidar, ficando mais difícil de amá-lo.Nicole Carmo conta como foi viver isso muitos anos de sua vida, “ Só me achava bonita com ele preso. Já ouvi muita coisa absurda sobre o meu cabelo, às vezes acabo remoendo até hoje porque querendo ou não, ainda dói.”
O cabelo crespo na década de 60 simbolizou um dos maiores marcos na história, que expressava luta do combate contra a violência policial, projetos de autogestão social, movimentos dos direitos civis, criando um partido político norte-americano os Panteras Negras.
As mulheres foram protagonistas, trouxeram o black power refletindo a luta pela igualdade. Angela Davis, ativista e integrante do movimento, exibia seu cabelo como forma de intimidar os opressores, exaltando a beleza e a cultura. Rafael Dias fala como a sociedade impõe os cachos definidos, deixá-lo crescer foi doloroso, mas hoje em dia não vive sem seu cabelo afro podendo ser usado de diversas formas, sabendo que existem pessoas que lutaram por esses espaços, é importante continuarmos com a luta.
As tranças começaram antes que nós imaginávamos, na África, carregam um peso passado de gerações, contém atributos de identidades e transmitindo valores culturais. Os desenhos representavam cada tribo escravizada em cada região, a famosa Nagô caracterizava os negros da Costa dos Escravos que falavam língua Iorubá, eram utilizadas para desenhar mapas como rota de fuga aos escravos.
Os penteados são uma fuga para muitos que ainda não se sentem confortáveis em assumir sua verdadeira textura, com a história que carrega dá força e merecem ser passadas para as próximas gerações.
Aprender a lutar com a dor e passar o quanto o seu cabelo é lindo do jeito que é, a Gabrielly Martins aborda sempre a pauta com a irmã mais nova, sendo trancista vê como oportunidade de fazer algo diferente, criando algo admirável e influenciador, criando um amor pelo seu próprio cabelo e não se deve pensar diferente.
Foram criados movimentos, produtos para que os cabelos sejam cuidados e todos os pretos se sintam bem para viver do jeito que querem, sem medo de aceitar a sua verdadeira identidade.