Dona de músicas que marcaram a adolescência de muitos jovens, Katy Perry mostra que sabe inovar no quesito personalidade e imagem. Utilizando de referências que vão de estilos artísticos até críticas políticas, a cantora dá um show de conhecimento e deixa sua marca nas entrelinhas dos seus hits.
Com seu novo single “365”, parceria com o DJ Zedd, surgem muitas dúvidas em relação a teorias e alusões acerca da artista. Vamos fazer um giro rápido pela carreira de Perry para explorar um pouco mais sobre todo esse universo:
O primeiro passo para o estrelato
Antes de se jogar de vez no mercado fonográfico, Katy já foi uma cantora gospel. Em 2001, a norte-americana lançou um álbum intitulado “Katy Hudson”, mas o disco não emplacou nenhum sucesso.
Ousadia, sucessos e rock’n’roll
Em 2008, ao lançar o “One Of The Boys“, seu segundo álbum da carreira e o primeiro com o selo da nova gravadora, há a entrada oficial de Katy Perry no mundo da fama. Explorando o estilo pin-up, representado por imagens de mulheres geralmente sensuais e provocativas e, ao mesmo tempo, com um toque de ingenuidade, a cantora usou e abusou desse conceito durante toda a era de trabalho, incluindo até a capa do álbum.
Um sonho ingênuo e sensual
Com o álbum “Teenage Dream”, lançado em 2010, Katy ainda explora o estilo pin-up, principalmente no clipe de California Gurls, um de seus maiores sucessos. A partir disso, a artista faz bastante uso do contraste entre o sensual e o ingênuo. Quando relança o álbum, em 2012, ocorre uma virada mais adulta da artista. Em faixas como “Part of Me“, visualizamos uma Katy Perry mais madura. Por fim, a artista entrega “Wide Awake”, incluindo referências ao filme e livro “Alice No País Das Maravilhas“.
Sentimentos translúcidos em cores
Já no PRISM, em 2013, Katy aposta em um visual mais adulto que marca a entrada da cantora na sua consagração como uma A-List. A cantora lança “Roar“, música que explora o seu lado mais selvagem de forma divertida. Além disso, também é possível enxergar um sentimento mais profundo, com a balada “Unconditionally“, e um clipe todo voltado para o Egito em “Dark Horse“, um dos seus maiores sucessos.
As cores dão força para essa era mostrando um lado mais pessoal da cantora enquanto o sucesso a abraça.
Entrelinhas políticas e críticas perigosas
No lançamento do álbum “Witness”, em 2017, temos um conceito bem demarcado. Com o seu clipe “Chained to the Rhythm“, Katy explora tudo que acontece atualmente no mundo, desde a política, abordando sobre a criação do muro entre os EUA e o México, até os memes que estão bombando na internet. Ela tenta alertar seus ouvintes para serem um pouco mais conscientes, além de querer mostrar muito mais do seu cotidiano, criando uma espécie de realityshow de sua própria vida. A sociedade do espetáculo é um tema recorrente nessa era e o fato de abordar essa questão levou a cantora a receber vários ataques e críticas.
365: entre o real e o tecnológico
Sabendo dos avanços tecnológicos cada vez mais rápidos, Katy deu uma cartada certa e mergulhou no conceito digital para sua parceira recente com Zedd, apostando em um clipe cheio de mensagens que vão de críticas ao nosso comportamento humano até mesmo a uma possível ‘reprogramação’ da cantora.
A música basicamente fala sobre amar alguém o tempo todo, 365 dias ao ano. Já no clipe, há como primeira mensagem a diferença entre amor e obsessão, em uma crítica direta aos comportamentos nos relacionamentos que temos uns com os outros. No decorrer do vídeo, temos uma experiência feita com robôs para verificar se é possível criar um ‘parceiro’ para viver o resto da vida. A série “Black Mirror” é lembrada o tempo todo, uma vez que trata dessa polêmica relacionada ao mundo tecnológico junto ao ambiente da atualidade.
Em outro momento, é possível observar que o experimento com o objetivo de criar algo parecido com o amor (no caso, o ‘robô-parceiro’) acaba se tornando obsessão. Além disso, somos alertados do quanto a tecnologia pode ser perigosa para nós.
Por fim, temos Katy Perry (o robô) desenvolvendo sentimentos e chorando, levando-nos a pensar no que as máquinas podem aprender e até onde estamos no controle das coisas. Por outro lado, corre uma “teoria-fofoca” de que o clipe basicamente quer mostrar que a cantora foi “reprogramada”. Ou seja, ela como personalidade da mídia atua como um robô controlada e seus controladores viram que a sua última era não deu muito certo no quesito vendas e imagem preservada.
Então, para consertar isso, a postura e tudo que a envolve, a cantora sofre uma reprogramação para anunciar uma nova era que tentará recuperar o que foi perdido. Basicamente, o clipe seria uma mensagem de que a personalidade da cantora vai mudar pois a anterior não deu certo.
Seria 365 uma mensagem para nós tomarmos cuidado com o amor e a obsessão e ao mesmo tempo o nosso contato com a tecnologia? Ou será um aviso sobre a transformação da cantora em mais uma empreitada rumo à próxima era cheia de mensagens?
Por Flávio Henrique, Giovanna Cortez e Pedro Rocha.