O conforto na musicalidade
A musicoterapia vai além da prática de ouvir canções, é uma ciência que tende a se expandir pelo globo.
A música marca presença no dia a dia das pessoas, seja ao acordar, realizar as tarefas de casa, ir para a faculdade ou para o trabalho. Adeptos não faltam, já se tornou um hábito entre a população do mundo inteiro e tende a se popularizar cada vez mais. Por oferecer diversos benefícios comprovados para o corpo e mente, as melodias e os resultados sonoros efetivos que compõem uma música a fizeram ser considerada uma ciência.
Nesse contexto, surge o termo “Musicoterapia” – uma área do saber que estuda os efeitos da música e utilização dela em encontros com o profissional, o musicoterapeuta, e as pessoas que procuram esses especialistas. A musicoterapia tem o objetivo de impactar positivamente na vida do paciente, entre os efeitos positivos estão: aumento das possibilidades de existir e agir, seja no trabalho individual, com grupos, nas comunidades, prevenção e reabilitação da saúde, entre outros. Evitando dessa forma, que haja danos ou diminuição dos processos de desenvolvimento do potencial das pessoas e/ou comunidades, como consta a definição do termo, segundo a UBAM (União Brasileira das Associações de Musicoterapia).
Os benefícios que os sons causam para o corpo humano são conhecidos desde os períodos antes de Cristo. Porém, foi somente no século XX que a habilitação do musicoterapeuta se profissionalizou. Em 1996, a profissão recebeu o reconhecimento pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma ação terapêutica, que utiliza a música em prol da saúde.
Em um artigo publicado pela Revista Latino-Americana de Enfermagem, acerca de um estudo quase-experimental – que não cumpre requisitos como grupo controle e aleatoriedade na seleção de participantes -, concluiu que uma sessão única de 60 minutos de musicoterapia em grupo mostrou-se capaz de reduzir o estresse em dependentes químicos. Para a pesquisa, foi coletado o cortisol salivar (hormônio relacionado ao estresse) de 18 pacientes.
Outra pesquisa realizada no Grupo de Estudos da Dor, da Divisão de Clínica Neurológica do HCFMUSP – Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, constatou uma significativa estatística na redução da ansiedade e da depressão; na melhoria da qualidade de vida medida pelo domínio físico e ambiental, e na diminuição do consumo de medicamentos. Foram analisados e acompanhados por 14 meses, sete grupos de pacientes que sofriam de dores crônicas.
Ludmila Poyares é musicoterapeuta, especialista em Psicopatologia e Saúde Pública. Atualmente, atua na área de Reabilitação Neurológica. “Para ter uma atuação como musicoterapeuta, tem que realizar a graduação por 4 anos ou fazer a especialização. E, ser ligado à associação do estado onde atua e à UBAM (União Brasileira das Associações de Musicoterapia), que organiza toda a questão das formações. Para lembrar: Não existe nenhum curso EAD de Musicoterapia”, conta a profissional.
De acordo com o livro do ano de 2016, página 63, “Definindo Musicoterapia – Terceira Edição”, de Kenneth E. Bruscia, em uma consulta de musicoterapia, é fundamental a presença dos três componentes seguintes: o cliente(s), o musicoterapeuta e o instrumento que será aplicado durante o processo terapêutico, a música. “Nas sessões, dependendo do quadro clínico que o paciente apresenta no dia, podemos nos basear e ver qual a demanda específica que ele [o quadro clínico] pede, podendo ser ativa, em uma sessão dinâmica ou receptiva. Não é só ouvir música, mas tem uma questão de sentir as vibrações das frequências sonoras em todo o corpo”, relata Ludmila.
O profissional que se forma em musicoterapia, pode atuar no campo da saúde que abrange as Ciências Biológicas, Classe Hospitalar, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Medicina, Musicoterapia, Neurociência, Psicologia, Psiquiatria, Serviço Social e Terapia Ocupacional. “Existem ações de musicoterapeutas na saúde – Centro de Ação Psicossocial (CAPS), hospitais; Reabilitação Motora, doenças degenerativas como Alzheimer, Parkinson, Síndromes; Psíquico – infantil e adulto, Transtorno do Espectro Autista (TEA) ou Autismo e empresas para a qualidade de vida”, finaliza a musicoterapeuta.