O novo made in China

Como a tecnologia mudou a visão dos brasileiros a respeito do que vem da China

Em 2010 uma empresa chinesa apareceu no mercado de eletrônicos, hoje, dez anos depois, essa companhia conhecida como Xiaomi é uma das maiores empresas de tecnologia do mundo. “A Xiaomi é uma empresa que, desde o início, foi focada em copiar outras empresas, principalmente a Apple e o que ela fazia era pegar o que estava sendo um sucesso e replicar com um custo benefício melhor”, relata André Martins, 29 anos, redator do canal Escolha Segura. André também fala que: “As pessoas estão muito acostumadas a comparar banana com maçã, se você pegar um top de linha da Xiaomi e um top de linha da Samsung e da Apple você vai ver que tudo vai ser muito parecido”.
“O diferencial deles é estar operando por preços muito baixos, estão sempre investindo em qualidade com o preço razoável em comparação com as outras empresas. Eles conseguem colocar várias versões de produtos no mercado, coisa que outras empresas também não fazem com tanta frequência”, descreve Alexsandro Luiz Maier, 20 anos, Grupo Evereste rede de comércios.
“A grande fabricante das peças dos smartphones no mundo hoje são praticamente as mesmas, então essa visão de que os aparelhos chineses são inferiores ou eles são ‘ching ling’ é uma coisa ultrapassada, porque no final das contas tudo é feito pelo mesmo fabricante”, Davi Alex, 21 anos, criador de conteúdo e investidor.

A empresa atua em diversos mercados, principalmente no de tecnologia, mas isso não significa que ela não seja boa em produzir outros produtos. “A Xiaomi é muito interessante porque ela tem todo um sistema próprio, já usei desde produtos como um guarda-chuva e uma escova de dente elétrica até os smartphones”, conta o youtuber Davi.
Os produtos que tornam a casa conectada estão se tornando cada vez mais comuns nas moradias dos brasileiros nos dias de hoje e a marca chinesa percebeu isso. “Eu gosto dos produtos de casa conectada deles, funcionam como um ecossistema, eu tenho a lâmpada inteligente que está conectada ao wi-fi onde eu posso ligar com comando de voz e Alexa”, menciona o redator André Martins.
“Da Xiaomi eu recomendaria principalmente nas coisas que não são celulares, eu acho que são alternativas bem legais que não são caras, principalmente na parte de casa conectada, eu gosto mais dessa categoria de produtos do que dos celulares pra ser bem sincero”, conta Felipe Demartini, 34 anos, repórter do CanalTech Br.

Com o passar dos anos, a China foi se tornando uma potência mundial e sua força econômica cresceu drasticamente por conta do pensamento de vender por menos para vender mais. “O que mudou na China foi a forma dela se comunicar com o mundo, eles acabaram proporcionando para muita gente que não tinha dinheiro, produtos de ótima qualidade por um preço barato. Esse é o lado bom do país, mesmo tendo muita coisa falsificada eles ainda conseguem produzir muita coisa boa por um preço ótimo”, relata Alex, do Grupo Evereste.
Na sua história, o país se tornou muito bom em copiar os produtos produzidos em outros continentes e por um preço muito acessível, tornando ela uma das maiores economias de exportação do mundo nos dias de hoje. Quase tudo fabricado era de uma qualidade duvidosa e um preconceito foi criado a partir disso. “Acredito que ainda existem pessoas que têm certo preconceito com aparelhos chineses, provavelmente porquê a sua primeira exposição foi algum produto ‘sem marca’, a muitos anos atrás”, relata Matheus Leandro Padilha, 29 anos, analista tech. “No entanto, a Xiaomi e a Huawei não são marcas genéricas, e o brasileiro notou isso, adotando uma postura mais positiva perante as duas, às vezes até as colocando acima de marcas mais tradicionais, o que faz todo sentido, já que os produtos são de ótima qualidade, conseguindo competir numa boa contra aparelhos da Apple ou da Samsung”, completou o analista tech.
Teteu, apelido como o analista é conhecido, fala sobre como as empresas de tecnologia chinesas estão no mercado nos dias de hoje: “É verdade que quem olha de fora pode ter a impressão que um Xiaomi é só uma cópia do iPhone ou do Galaxy, mas depois de um tempo analisando smartphones, você nota que esse é um mercado onde todo mundo copia de todo mundo”, e acrescenta: “O sucesso das empresas chinesas em alguns mercados chave fez a Samsung mudar as suas estratégias de desenvolvimento e de preço, para não ficar tão para trás. Não precisamos saber se a Xiaomi e a Huawei conseguem competir em qualidade com a Samsung, mas sim se a Samsung vai conseguir acompanhar eles dois”.


Assim como as empresas chinesas, os aplicativos de venda também fizeram um sucesso muito grande no Brasil nos últimos anos, o exemplo disso é o AliExpress. O aplicativo é um grande “mercado livre”, são vendedores dentro da plataforma que realizam as vendas, não uma loja única. “Quem navega pelo AliExpress e esses sites de venda sabe bem que você consegue achar coisas boas baratas e coisas muito ruins ainda mais baratas”, conta Felipe Demartini.
Para aqueles que desconfiam do aplicativo, o revendedor Alexsandro dá alguns conselhos: “Eu tenho boa experiência nisso, grande parte das minhas importações são de fornecedores desses lugares, a confiança é boa. O AliExpress hoje trabalha muito bem e tem toda uma cláusula, se o produto não chega ou vem danificado, eles fazem a devolução do dinheiro. Eles enviam código de rastreio, informam onde está o seu produto, depois fazem uma pesquisa para saber se o produto chegou certo. Então, pra mim, os sites chineses de compra estão funcionando perfeitamente”.

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