O pai da radiodifusão brasileira
Roquette-Pinto é Responsável pela criação da primeira rádio do país, além de ter sido um dos expoentes na divulgação cientifica brasileira
A história do carioca Edgard Roquette-Pinto, criador, em 1923, da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro (tida oficialmente como a primeira do país), foi um dos destaques do evento comemorativo dos 100 anos da Rádio no Brasil promovido pela Universidade Presbiteriana Mackenzie em setembro passado. Médico legista, professor, escritor, antropólogo, etnólogo e ensaísta brasileiro, Roquette-Pinto teve como objetivo difundir a educação por meio das ondas eletromagnéticas, como destacou o radialista, professor e pesquisador Pedro Vaz em palestra aos estudantes de Jornalismo. Vaz falou sobre o cientista em eventos promovidos, em 2022, por diversas universidades e instituições para comemorar o centenário do rádio no Brasil. A primeira transmissão ocorreu em 7 de setembro de 1922. Já no início do século XX, Roquette-Pinto buscava a inclusão dos brasileiros analfabetos por meio da rádio-escola. O cientista também defendia a participação igualitária na sociedade de mulheres, negros e indígenas. Foi em sua emissora que a voz das mulheres encontrou mais espaço, comentou o professor Vaz.
O rádio viveu sua era de ouro nos anos 1940, consolidando-se nos lares de todo o país mesmo depois do nascimento da televisão na década de 1950. Temia-se que o rádio desaparecesse em função das novas tecnologias. Mas isso não ocorreu. Pelo contrário, o rádio conseguiu crescer e chegar mais longe como advento da internet, comentou Vaz. Segundo ele, embora o rádio brasileiro tenha se tornado majoritariamente comercial, o avanço tecnológico na internet traz novas oportunidades de conteúdo educativo em áudio, como sonhava Roquette-Pinto.
A Rádio Sociedade do Rio de Janeiro (atual Rádio MEC) irradiava conteúdos voltados à educação, cultura, ciência e música clássica, literatura brasileira, francesa e inglesa. Em 1934, Roquette-Pinto criou também a Rádio Escola Municipal do Rio de Janeiro, batizada com o seu nome, e que existe até hoje.
Além do pioneirismo na radiodifusão, de 1915 a 1936, Roquette-Pinto administrou o Museu Nacional, vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Posteriormente, ele e o Ministro da Educação e Saúde de Getúlio Vargas, Gustavo Capanema, fundaram o Instituto Nacional de Cinema Educativo (Ince), responsável ao longo de sua existência (1936-1966) por produzir mais de 400 filmes. Boa parte da produção era voltada às instituições de ensino. Ele também criou a Revista Nacional de Educação visando a ampliação do ensino e a divulgação científica e tecnológica das instituições nacionais.
A trajetória do grande cientista foi recheada de acontecimentos, Roquette atuou como membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), da Academia Brasileira de Ciências, da Sociedade Geográfica e da Academia Nacional de Medicina, e ocupou a cadeira 17 da Academia Brasileira de Letras. Em homenagem à sua pesquisa científica, alguns espécies de vegetais e animais receberam o nome de Roquette-Pinto, entre elas: Endoderma Phyton Roquettei (couro); Alsophila Roquettei (planta); Roquettea Singularis (Aranha); e Phylloscartes Roquettei (pássaro com cara de ouro).