Resenha: As Telefonistas
As Telefonistas (ou Las Chicas del Cable, no original) é mais um sucesso espanhol produzido pela Netflix. A série aborda assuntos importantes e polêmicos como feminicídio, aborto, transexualidade e desigualdade de gêneros. Para criar o roteiro, Ramón Campos e Gema R. Neira não se basearam em uma história verídica, mas o ambientaram a alguns contextos históricos reais.
A ficção ocorre entre os anos 1920 e 1930, pouco depois do surgimento do movimento feminista na Europa. Parte do foco do enredo são as dificuldades enfrentadas pelas mulheres, que nessa época ainda não tinham direito ao voto. O aumento de escritórios e empresas de tecnologia na Espanha abriram uma brecha para as mulheres no mercado de trabalho, o suficiente para influenciar na busca por igualdade.
Na trama, essas mulheres são representadas por: Lídia Aguilar, que na verdade chama-se Alba, mas trocou de nome para cumprir a chantagem de um delegado que a acusa injustamente; Carlota Rodriguez, apesar de ser desconstruída e ativista é controlada por seu pai conservador; Marga, inocente e sonhadora; E Angeles, vítima de um casamento extremamente abusivo. As quatro protagonistas se conhecem quando começam a trabalhar na companhia telefônica da família Cifuentes, em Madri.
Lídia se torna telefonista com a finalidade de roubar o cofre da empresa, para pagar a dívida que tinha com a polícia. Entretanto, para sua surpresa, o diretor da telefonia é seu antigo amor, Francisco. Que agora, por interesse, é casado com Elisa Cifuentes. Com o objetivo de realizar seu plano, Lídia se aproxima de Carlos, o herdeiro da companhia e um dos únicos com acesso ao cofre. E como em todas as histórias românticas, ela se apaixonou por ele.
A construção da série se passa em um cenário onde as mulheres ainda eram vistas como propriedade e incapazes de fazer algo além de cuidar da casa e dos filhos. Por isso, as telefonistas são um símbolo de empoderamento. São mulheres que se opõem às ideias tradicionais e estão dispostas a passar pelo que for na busca por seus direitos. Carlota é a personagem mais importante neste sentido, foi expulsa de casa pelo pai (policial rico e influente na cidade). Ele acredita que trabalhar não é coisa de uma mulher “digna” e ela, por outro lado, seguiu seus pensamentos revolucionários e continuou trabalhando na empresa. Além de se apaixonar por Oscar, um homem trans.
Na última temporada, a série retrata a vida das pessoas que viveram durante a Guerra Civil Espanhola, entre os anos 1936 e 1939. Após contratempos, Lídia estava morando nos Estados Unidos. Carlota e Óscar tornaram-se jornalistas independentes e estavam cobrindo a Guerra. Marga e seu marido Pablo permaneceram na Espanha e algo indesejado aconteceu. Depois de anos separadas as telefonistas se reencontram para mais um desafio: encontrar Sofia, filha de Angeles.
Sororidade é o apoio entre as mulheres e na trama é o que esteve em evidência nas atitudes das protagonistas. Durante todos os episódios, não há nada que aconteça com uma que as outras não se envolvam para ajudar. As personagens passaram por altos e baixos e até diante dos momentos mais trágicos as quatro fiéis escudeiras permanecem juntas.
Essa série sempre me chamou, mas eu sempre achei que era uma série boba e chata. Atravez dessa matéria fiquei curiosa para assistir, me pareceu muito interessante. Ótima matéria, parabéns!