Resenha “mãe!”
Em cenas intensamente incômodas, que envolvem escândalos e até mortes grotescas, mãe! revela seu pior pesadelo em uma fantástica produção
Em uma casa distante da sociedade, cercada de árvores e gramados infinitos, alguns estranhos começam a aparecer e você não compreende o motivo. A hospitalidade descomunal de seu marido também impressiona, ainda mais no momento em que as supostas visitas começam a se tornar hostis e agressivas com relação a você e a casa.
É dessa forma que somos introduzidos no universo de “mãe!”, do diretor nova-iorquino Darren Aronofsky. Em duas horas intrigantes, a obra contém denúncias, devaneios e diversas interpretações, com uma forte aposta no terror psicológico e no horror, que perturbam a mente de qualquer um que assiste.
Apontado como “o filme de estúdio mais subversivo em décadas” pela Time Out New York, além de duras críticas controvérsias em relação à abrangência temática, o filme se inicia de forma pacífica. A casa, que passou por um incêndio até o momento de origem desconhecida, está sendo reerguida vagarosamente pela mulher – interpretada por Jennifer Lawrence – em busca de um verdadeiro paraíso. Enquanto isso, seu marido (Javier Bardem) tenta se recuperar de seu bloqueio literário para escrever um poema, no qual a casa não é suficiente para inspirá-lo.
Em um ambiente que a silencia constantemente, a mulher – que não tem nome – desempenha o papel fundamental na conservação da casa e na introdução das alegorias bíblicas. Seu papel na trama é de Mãe Natureza e se trata da criação da humanidade e seu papel intrínseco à sua destruição. O poeta é Deus, o Criador responsável pelo início de tudo e por criar a personagem de Jennifer Lawrence. Logo no começo, vemos ele colocando um cristal em um lugar sagrado, e a partir daquele momento tudo volta a ter vida. A mãe! se torna a casa… ela é o Planeta Terra e o nosso lar. Há várias passagens que são verossimilhantes aos símbolos e aos rituais bíblicos.
Até que o primeiro “convidado” (Ed Harris), um homem doente e fã do poeta, entra na casa. Sucedido por sua ousada e provocadora esposa (Michelle Pfeiffer), uma mulher que adentra o ambiente proibido sem preocupações. Ambos personagens são vistos como Adão e Eva, as primeiras criações e fontes de inspiração maiores que a própria natureza. A rotina dos protagonistas é perturbada com a chegada dos filhos do casal, que representam Caim e Abel, e logo após uma tragédia que inspirou o poeta numa obra prima, milhares de seguidores vão até sua casa procurá-lo.
Apesar de sua recepção calorosa e acolhedora, os homens abusam, exploram, matam, em cenas fortes, chocantes e angustiantes. O perfil egocêntrico do personagem de Javier Bardem, tal como Deus, causa um enorme sofrimento e desespero no terrível horror que é reconhecer a Mãe e seu amor incondicional, sendo invadida e explorada a cada segundo, em uma sequência sensorial da barbárie.
“mãe!” pode significar muita coisa e se desdobrar em camadas infinitas de interpretação. Sua abrangência temática, em contraponto com a fotografia, composição e a própria linguagem, que se transforma em conteúdo sobre o ponto de vista da Mãe Natureza, em muitos planos que dão foco ao rosto de Lawrence, projetam uma confusão ao subir os créditos, mas que ainda sim provoca o sentimento de esperança e recomeço sobre o ciclo eterno da humanidade.
Deve ser muito bom, mas tbm é de arrepiar, que trama heim,vou procurar assistir,um bom diretor,ótimos artistas, pelo trailer, já fiquei muito curiosa