Veganismo: mesmo com opções limitadas número de adeptos cresce
Entenda um pouco mais sobre esse assunto hoje, no Dia Mundial do Veganismo
Um estilo de vida, é assim que os adeptos do veganismo descrevem o movimento, que, por razões éticas, é totalmente contra a exploração dos animais, do meio ambiente e da mão de obra escrava. Por isso, veganos não consomem alimentos, produtos, roupas ou formas de entretenimento que infrinjam qualquer um desses princípios. O dia 1 de novembro foi escolhido para a conscientização do veganismo, porque nesta data, em 1994, comemorava-se os 50 anos da fundação da Sociedade Vegana do Reino Unido.
Segundo estatísticas do site Mapa Veg, 2.883 pessoas se consideram veganas no Estado de São Paulo e 5.871 no Brasil, e esse número só tende a aumentar. “Trabalho há 10 anos com veganismo e nos últimos dois anos aumentou significativamente o número de adeptos. Os jovens, principalmente, buscam uma consciência alimentar, tanto pela saúde quanto pelo planeta e/ou pelos animais”, afirmou a nutricionista e educadora alimentar Bianca Giafferis Valim, 30 anos, que é vegetariana há 16 anos.
Uma das grandes barreiras para a expansão do veganismo é a reputação que o movimento tem de ser pouco acessível no aspecto financeiro, porém, Eric Farias, 28 anos, gerente do Restaurante Lar Vegetariano Vegan, discorda, “o preço, basicamente, a gente procura deixar o mais justo possível, para almoçar aqui no restaurante a pessoa gasta no máximo 25 reais. É um preço comum e justo”. Por outro lado, Leonardo Kazuya, 19 anos, estagiário de confeitaria, estudante de gastronomia e vegano há quatro anos diz que “falando sobre os produtos “especiais”, o preço é mais alto, um litro de leite de castanhas sai por volta dos R$ 22, por exemplo”.
Abrir mão de redes de Fast Food, produtos industrializados e comida pronta, pode ser um desafio, porém, “muitas pessoas imaginam que para fazer receitas veganas você precisa comprar ingredientes difíceis e muito mais caros que os de receitas tradicionais, e a verdade é que você não precisa. A medida que você vai conhecendo as variedades dos alimentos naturais, você percebe que não é preciso ter muito dinheiro para criar receitas saborosas”, disse Danilo Santana, 23 anos, criador do canal de Youtube “Clube Vegano”, que ajuda os adeptos do movimento ensinado várias receitas diferentes e fáceis, isso tudo sem usar produtos de origem animal.
O que deveríamos saber, é que esse estilo de vida não é apenas sobre um indivíduo e o quanto ele vai gastar, mas sim sobre o meio ambiente em sua totalidade. Uma projeção feita pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, diz que se o mundo parasse de consumir produtos derivados de animais, 8,1 milhões de vidas seriam poupadas, reduziria em 70% as emissões de CO2 na atmosfera e até 1,4 trilhão de dólares seria economizado. “O veganismo não é apenas pelos animais, mas também pela preservação ambiental. Quem se diz ambientalista e ainda não considera esse estilo de vida, é interessante repensar e pesquisar mais sobre o tema”, diz Nyle Ferrari, jornalista e dona do blog Lookaholic, que fala sobre beleza natural, alimentação vegana e moda sustentável.
Além de todos os benefícios para os animais, a dieta vegana também se destaca por fazer bem para saúde e é indicada por vários especialistas. “A exclusão da carne, ovos, leite e derivados da dieta reduz o consumo de gorduras, hormônios, antibióticos e outras substâncias administradas aos animais, e isso faz bem a saúde” afirmou a nutricionista Priscila Menezello, 24 anos, que é especialista em dietas vegetarianas e veganas.
Para incentivar aqueles que estão começando “existem diversos sites e grupos onde você pode trocar informação e aprender o que quiser, de acordo com os seus interesses. Com o veganismo, não é diferente. Se você não tem determinado ingrediente, há como substituí-lo e alternativas não faltam para comer bem, prazerosamente e sem contribuir com a crueldade”, contou Danilo Santana.
Apesar de haver dificuldade em encontrar produtos dessa linha em mercados e lojas comuns, a internet foi um dos meios que ajudou os veganos a encontrarem produtos que os agradem. “Cada vez mais as pessoas têm procurado por produtos assim. Buscando não somente por hábitos de vida cada vez mais saudáveis, mas também por produtos oferecidos por empresas que se preocupam com o meio ambiente”, confirma Aline Bolzan, 37 anos, proprietária da Sal da Terra Saboaria, que possui uma linha inteira de cosméticos veganos. Ela também esclarece que “testes em animais são inaceitáveis e por isto os cosméticos vegan recebem o título de “Livre de Crueldade”, que na língua inglesa é atribuído como “Cruelty Free””.
O estilo de vida vegano é fascinante e possui diversos pontos positivos, que podem deixar seu dia a dia bem mais leve e sustentável, porém, Leonardo explica que “a maior dificuldade de ser vegano é tornar a dieta sustentável no cotidiano. Muitas vezes é difícil encontrar opções livres de ingredientes de origem animal em lanchonetes de escolas e faculdades ou em restaurantes então, na maioria das vezes, é preciso um esforço extra para carregar marmitas e lanches”.