Pequenas Grandes Ideias
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Grandes palavras são necessárias para expressar grandes ideias.
Esta é a frase de abertura da série Anne com um E, uma definição de uma narrativa delicada e sensível sobre uma jovem órfã descobrindo sobre tornar-se uma mulher no século XIX.
A série é baseada no clássico Anne de Green Gables da escritora canadense Lucy Maud Montgomery, publicado em 1908. O livro conta a história de Anne, uma vívida menina de cabelos ruivos, adotada por engano por dois irmãos idosos, Marilla e Mathew Cuthbert. A dupla tinha a intenção de adotar um menino que os ajudasse a cuidar da fazenda de Green Gables, localizada na ilha de Avonlea.
Apesar de possuir um talento para entrar em problemas, o carisma da criança impede com que ela seja mandada de volta para o orfanato. A adaptação de 2017 para a televisão, muito fiel ao enredo original, tem sua segunda temporada prevista pra maio e provém de uma parceria entre a Netflix e a CBC, uma emissora canadense. O grande diferencial da série é a perspicácia com que assuntos polêmicos, relacionados à figura feminina, são trazidos à tona a partir da perspectiva de uma menina com uma vibrante imaginação.
E se Anne tem algo de marcante, com certeza é a imaginação e a sua apaixonada conversação. Em outras palavras, ela fala muito, o que constitui a grande fonte de seus problemas ao longo da narrativa. Sem possuir educação formal, a visão simples e sincera de Anne sobre a vida desmascara os preconceitos arraigados na comunidade de Avonlea: lugar da mulher na sociedade, bullying, educação feminina e casamento. No entanto, a série não é feita só de críticas, também traz uma sensível reflexão sobre envelhecer (nas figuras de Mathew e Marilla), sobre amizade, o processo de deixar a infância, paixão e também sobre a morte.
Com estética belíssima, Anne com um E, é uma série que vale a pena assistir, tanto pela história emocionante, quanto pela habilidade em passar grandes ideais com simples ideias.