A vida do aplicativo fantasma

foto: Optclean

Lançado em 2011, o Snapchat revolucionou o estilo de troca de mensagens em redes sociais. Com o aplicativo, os usuários agora poderiam mandar “snaps”, uma junção entre imagem/vídeo e texto, para seus contatos ou colocá-los na “História”, deixando-os por 24 horas. Aos poucos, o aplicativo começou a atrair os jovens e seu sucesso chamou a atenção de grandes empresas do ramo de redes sociais, como o Facebook.

Depois de investidas mal sucedidas de comprar o rival, a empresa de Mark Zuckerberg tentou até encontrar uma fórmula para derrubar o concorrente. O Instagram, comprado pelo Facebook em 2012, foi o escolhido para a missão de superar o Snapchat. Para isso, a rede social de fotos criou o “Instagram Stories”, em 2016. A plataforma é bastante semelhante ao “Snap”, uma vez que os usuários também podem fazer posts com 24 horas de duração, gravar vídeos e fotos com efeitos e mandar mensagens privadas.

O “Instagram Stories” acabou conquistando não apenas os usuários do próprio aplicativo, mas também os do rival Snapchat. Um dos motivos do crescimento do uso é a abrangência. Enquanto o Instagram chegou a marca de 1 bilhão de usuários em 2018, o Snapchat caminha para chegar a um quinto desse número. Além disso, com o “Stories”, o aplicativo da câmera colorida unificou duas funções em um aplicativo só, tornando mais simples a experiência nas redes sociais.

“Tudo se concentrou num aplicativo só. Ficou mais cômodo para todo mundo usar só o Instragram do que dois aplicativos”, afirma a estudante baiana Maria Eduarda Pontes, 18. A jovem afirma ainda que o fato de seus amigos trocarem de aplicativo foi fundamental para migrar para o Stories:“Gostava muito do Snapchat, mas não adianta você mandar para pessoas que não vão abrir”.

Já a estudante paulista Bruna Rios, 18, ainda é usuária do Snapchat, mas vive entre os dois aplicativos: “Era muito viciada no snap e nunca fui de usar o Instagram Stories para postar coisas. Eu só via o que as pessoas postavam. De um ano para cá, eu comecei a usar muito mais o Stories. No Snap eu separo algumas pessoas que eu mando e Instagram outras”.

Desde a chegada do concorrente, o Snapchat vem sofrendo desvalorizações em seu valor de mercado, principalmente quando a rede social se envolve em polêmicas. Em fevereiro de 2018, o tweet da socialite americana Kylie Jenner afirmando que não usa mais o aplicativo fez as ações  despencarem 7,2%, perdendo US$1,3 bilhão de seu valor.

No mês seguinte, a cantora Rihanna usou seu Instagram para se pronunciar contra uma propaganda que foi veiculada no app e fazia referência à agressão doméstica que sofreu do rapper Chris Brown em 2009. O anúncio divulgava o jogo Would You Rather e trazia a pergunta: “você daria um tapa em Rihanna ou um soco em Chris Brown?”. Logo depois, a empresa sofreu mais uma desvalorização, dessa vez de US$800 milhões.

A migração dos usuários do Snapchat para o Instagram mostra que se tratando de redes sociais, o importante mesmo é a comunicação com amigos, conhecidos ou artistas. As redes sociais são feitas de pessoas e os usuários vão procurar a que lhes melhor satisfaz a interação com as outras pessoas. “Sinto falta do Snapchat e acho que se as pessoas voltassem a usar, eu usaria também”, diz Maria Eduarda. Para Bruna, enquanto seus amigos continuarem usando o Snapchat, ela vai usar a plataforma.

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