A vida por trás dos holofotes

Os realitys musicais existem há mais de 15 anos e até hoje se reinventam junto com a tecnologia, mas sempre com o mesmo propósito de descobrir novos artistas.

Muitos realitys musicais são responsáveis por descobertas de artistas incríveis que estão escondidos em diversos cantos do mundo. Em 2002, pela primeira vez no Brasil, uma emissora na televisão aberta exibia um programa em forma de show de talentos. “Fama”, na rede Globo, rendeu quatro temporadas e era apresentado pela apresentadora Angélica e pelo cantor Toni Garrido. Logo na primeira delas, mais de cinco mil pessoas se inscreveram para participar. Pouco depois, no SBT, surgiu outro programa do mesmo segmento, o “Popstars”, onde surgiu o grupo Rouge, que fez sucesso por muito tempo.

Com o passar dos anos, a maneira que os realitys eram conduzidos e a forma que repercutem mudou. Anos atrás, os classificados e eliminados eram anunciados em horários nobres de outros programas na televisão, e os fãs compravam cds e dvds para acompanhar. Agora, com as redes sociais e as novas plataformas digitais, é possível acompanhar tudo em tempo real, baixar as músicas no próprio celular, além de conseguir conhecer melhor quem está participando.

Os participantes, principalmente os vencedores, ganham uma repercussão que na maioria das vezes não estão acostumados. Adriano Daga baterista da banda Malta, campeã do “Superstar” exibido em 2014 na tv globo, comenta que “foi tudo muito novo”. “Não sabíamos o que viria pela frente. Se viria uma leva grande de shows, gravações de DVDs ou outras produções”, explica. Nalanda, finalista do “Fama” em 2002, conta que a repercussão após o programa foi incrível: “Era uma época em que não se tinha tanta acessibilidade de internet e redes sociais, mas que a televisão era muito forte, mais do que é hoje”.

Do dia pra noite, a vida desses “novos” artistas mudam de maneira drástica, e é normal que a agenda fique lotada de compromissos. Para o baterista da banda Malta, a exposição que tinham em 2014 é completamente diferente da que eles têm hoje em dia. “Ficamos mais de um ano indo em vários programas da grade da emissora e em entrevistas na rádio. Fizemos mais de trezentos shows sem parar. Porém, de três anos pra cá tudo já deu uma acalmada”, conta.

Além de ganharem prêmios, após o programa muitas marcas procuram os vencedores em busca de parcerias. Adriano contou que fecharam muitos negócios, “desde campanhas publicitárias para empresas de telefonia celular, até parcerias com lojas de instrumentos musicais, que se mantêm até hoje”. Não era muito diferente nos primeiros programas, de acordo com Nalanda, assim que saiu do confinamento fez muitas coisas, “entre elas, músicas para trilha sonora de novelas e a gravação de um álbum com uma gravadora”.

Participar de um show de talentos é uma oportunidade que pode mudar a vida dos participantes, mas nem sempre a fama é o principal. Diego Lopes, baixista da banda Malta, diz que: “A fama é consequência do nosso trabalho ser reconhecido, nunca foi meu foco ser famoso e sim viver da música que é a minha paixão”. Para Adriano Daga não é diferente, ele conta que seguiram até o final do programa com a intenção de usar aquele espaço para destacar seus trabalhos autorais.

Dezoito anos após sua participação no “Fama”, Nalanda conta que até hoje carrega aprendizados da experiência que viveu durante os três meses, e acredita que os realitys musicais tem muito mais para acrescentar do que apenas o sucesso. “O programa não só ajudou na construção da minha carreira como ele me definiu, me trouxe muitas certezas e seguranças profissionais”. Ainda complementa: “É uma peça a mais. Porque se depois você não tem nada para oferecer, não é possível continuar vivendo apenas do nome que foi feito no passado”.

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