Águas rasas de patrocínio

A falta de patrocínio é o principal problema na vida de um atleta da natação no Brasil.

A natação é um dos esportes mais praticados no mundo e está presente ao longo da nossa vida desde o princípio. No útero materno nos nove meses de gestação, quando o feto se desenvolve dentro de um líquido até os banhos e, posteriormente, os mergulhos na piscina ou em mares e rios, estamos em contato com a água.

Para a treinadora de natação Milena Leika Yamaki, 23 anos, o esporte era apenas um meio de sobrevivência do homem, que em tempos primitivos precisava fugir de animais maiores ou procurar alimentos por entre rios e lagos. Atualmente, pode ser tanto um método de recreação quanto uma profissão. “Hoje ela é utilizada para salvar pessoas de possíveis afogamentos, como no caso dos bombeiros ou também para seguir carreira como atleta profissional, além de casos em que é usada como hidroterapia” explica Yamaki.

O esporte é considerado um dos melhores exercícios físicos existentes e um dos mais exigentes. Praticado em piscinas de 50m de comprimento, os treinamentos visam melhorar o condicionamento dos atletas. Para isso, diariamente, os nadadores realizam atividades físicas e práticas com duração entre uma hora e meia e seis horas em média.

Com a falta de patrocinadores interessados em apoiar os atletas, ainda que experientes, a maioria dos competidores tem que se preocupar com custear as despesas como passagens aéreas, hospedagem e alimentação. Assim como foi o caso de grandes nadadores reconhecidos nos dias de hoje, que tiveram uma jornada difícil até a ascensão como Maria Lenk, Etiene Medeiros e Michael Phelps.

Enquanto o orçamento da CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) em 2017 foi de R$ 10 milhões, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) arrecadou um total de R$ 590,21 milhões no mesmo período.

Milena afirma que, por ter retorno lucrativo baixo, enquanto muito dinheiro é gasto para apoiar um atleta, os investidores preferem negócios de retorno rápido e com menos riscos. “Patrocinadores só patrocinam equipes ou atletas caso tenham indicações, o famoso status, infelizmente” avalia.

Em comparação com patrocinadores, os órgãos públicos e escolas brasileiras incentivam bastante os esportes, porém, também não oferecem bolsas para todos, como natação ou vôlei. Desta maneira, influenciam a prática de tais esportes apenas como atividades de lazer e, consequentemente, os desvalorizam como carreiras a serem seguidas por aqueles que têm interesse, tornando esta profissão um desafio maior que do que as piscinas.