As Marielles do cotidiano

                                                  Foto: Mídia NINJA

Como a morte de Marielle Franco impactou a vida das mulheres negras brasileiras

A luta do feminismo negro no Brasil, por meio da morte de Marielle Franco, sofreu mais uma tentativa de silenciamento por conta do machismo e preconceito racial, neste último mês de março, no Rio de Janeiro.

 Essa morte significa, entre muitas coisas, mais uma forma de violação a tudo que foi construído para que a democracia seja um regime político e social. Mulheres, principalmente negras,continuam sem voz. Para muitas jovens, a desesperança acaba por vir junto ao falecimento da vereadora, uma vez que, depois de extrema luta para chegarem a posições de liderança, correm o risco de morte.

 A população feminina e negra constitui grande parte da sociedade brasileira. As mulheres são poucas no meio político e as negras são uma raridade. A morte de Marielle, política, negra, lésbica, defensora dos direitos humanos e nascida na favela da Maré, foi apenas mais uma tentativa do silenciamento de uma luta com profundas raízes históricas no Brasil.

Segundo o professor de História formado pela USP, Leonardo Quinto, 28 anos, o assassinato de Marielle se deu por causa de sua representatividade para as chamadas “minorias” e ao Estado de exceção. Quando questionado sobre o porquê a vereadora se tornou um símbolo nacional somente após sua morte, Leonardo diz que a real pergunta seria por quê a ativista era silenciada na mídia, mesmo já possuindo tamanho significado para diversas causas.

 No próprio feminismo, mulheres têm que lutar contra a diferenciação de raça. A falta de modelos negros nos quais se espelhar, junto a supremacia da beleza branca divulgada pela mídia e os salários inferiores dentro daqueles já reduzidos em comparação ao sexo masculino, são fatores que levam muitas mulheres a aderirem à movimentos como o feminismo negro.

 Adrielly Letícia e Nathália Lourenço, 21 e 30 anos, estudantes do Mackenzie, fazem parte da frente AfroMack e da frente feminista da instituição. Acreditam que o impacto da morte de Marielle se dá porque os espaços de poder são majoritariamente ocupados por pessoas brancas e essa se trata de mais uma negligência do Estado. “Não podemos nos dar ao luxo de baixar a nossa cabeça”, diz Adrielly.

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