Beleza através da fenda

Foto: Yoshikazu Oshio

O que você lembra quando falamos de cânions? Provavelmente, a imagem de grandes imensidões cor de cobre dos filmes de faroeste americano com o imponente Grand Canyon despontando no horizonte. Mas, você sabia que o Brasil também possui cânions de tirar o fôlego? Confira abaixo os deslumbrantes abismos naturais dos Parques Nacionais dos Aparados da Serra e Serra Geral.

Localizados na divisa entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul, os Parques abrangem juntos cerca de 27.500 ha de área. A intervenção humana é mínima, e quase não há marcação de trilha ao longo dos cânions, por isso recomenda-se a utilização de guias. Por ser uma área de proteção ambiental, é estritamente proibido pegar elementos naturais ao longo do caminho, ou mesmo deixar qualquer tipo de objeto no Parque.

Cânion Malacara

Embora não tão conhecido, o Cânion Malacara é de uma imponência selvagem. Faz parte do Parque Serra Geral, na área do município de Cambará do Sul, em SC. Até pouco tempo, as trilhas nas bordas superiores do cânion estavam bloqueadas, mas os passeios  pelo seu interior também valem muito a pena. O rio Malacara corta o interior do maciço e no tempo das cheias é muito utilizado na atividade de boia cross.  Nas suas épocas menos caudalosas, é possível atravessá-lo em busca das piscinas naturais que se formam em meio às pedras desagastadas pela ação contínua do rio. Não é raro encontrar geodos, de quartzo e ametista, espalhados pelo caminho. Apesar de tentador, não pegue nenhuma delas! A regra de não levar nada dos parques também é válida aqui.

Uma dica de hospedagem para quem quer curtir o cânion mais de perto. O Refúgio Ecológico Pedra Afiada, localiza-se logo na boca da abertura do Malacara. É um ótimo lugar para famílias e aventureiros solitários.

Cânion Fortaleza

Nenhuma foto é capaz de transmitir a grandiosidade do Cânion Fortaleza., nem palavras descrevem sua imensidão. Também pertencente ao Parque Serra Geral, localiza-se a mais ou menos 20 km de Cambará do Sul, SC. As principais trilhas estão no topo do maciço e se estendem por quilômetros de terreno plano cobertos de vegetação rasteira, típicas da região sul. Entre uma borda e outra chega a ter 2 km de distância e quase 1 km  de altura, o que o coloca entre os maiores cânions do Brasil. As trilhas são cortadas por rios e cachoeiras deslumbrantes, tão grandes que a água evapora antes de poder tocar o chão. Há uma grande diversidade de espécies exóticas,  e não raro, algumas cobras, por isso é sempre bom ir acompanhado. Outro motivo é que o tempo é muito instável na região. As famosas virações do local vêm sem aviso e várias equipes já ficaram impossibilitadas de voltar por causa da forte neblina.

Cânion Itaimbézinho

Com uma trilha mais fácil e bem demarcada, o Cânion Itaimbézinho é o mais conhecido dos três mencionados. Localiza-se no Parque Aparados da Serra, e é consideravelmente menor que os outros dois, o maior ponto de abertura entre as margens é de 600 metros e altura por volta de 700 metros. Por outro lado, os paredões são agressivamente íngremes, motivo do nome do Parque, já que o cânion parece ter sido “aparado” com uma faca. Enquanto os cânions Fortaleza e Malacara possuem entrada franca, é cobrada uma taxa de R$ 8,00 por pessoa no portão de acesso do Itaimbézinho. Além da trilha principal, na borda do maciço, há um caminho por dentro, chamado Trilha do Rio do Boi. Não é um passeio para qualquer um, mas vale muito a pena. O tempo também é bem instável e a neblina toma conta da paisagem em questão de minutos, vários animais que circulam nas amplas pastagens das bordas já despencaram dos maciços pela falta de visibilidade, por isso o nome do rio. Apesar disso, o Itaimbézinho é bem sinalizado e há a orientação de deixar o parque em caso de neblina.

Fauna

Toda a região conta com espécies animais típicas e é muito comum vê-las durante os passeios. Uma delas é o graxaim, retratado na foto acima, uma espécie de raposa pequena. Além dela, há lobos-guarás, alguns felinos, como pumas, e várias espécies de pássaros, como a bela gralha-azul.

A melhor época para visitar a região dos cânions é no verão, quando as temperaturas são mais amenas e as fortes ventanias do inverno são evitadas.  Um belo destino para quem quer viajar dentro do país e ser surpreendido com a imensa grandiosidade que reside nas paisagens do Brasil.