Cara a cara: Camila Macedo

Foto:  Claudia Baartsch

Conheça uma esportista que vai além dos estereótipos e escala as barreiras do preconceito

Quando Camila começou a faculdade de Educação Física na UTFPR em 2009, ela já era mãe de um menino de 9 anos, o Lucca. Dois anos depois, um dia ela e sua família receberam um convite: fazer EcoTurismo em Corupá. Lá conheceu o Setor de Escalada Braço Esquerdo. Quando voltou pra Curitiba seu coração já tinha nova casa, ela foi a uma academia para treinar escalar.

Escaladora nata, não demorou muito tempo para participar de seu primeiro campeonato. Depois de treinar por um ano e meio, foi competir. Mesmo quando todos diziam que ela não tinha perfil. Camila foi direto para categoria pró, em junho de 2012, competição na qual alcançou terceiro lugar. Ali começava sua jornada e sua luta pela escalada. Logo em abril de 2014 se tornou campeã brasileira, mas não parou por aí. Foi bicampeã em 2015 e vice em 2016, no mesmo ano, ela atingiu o 71º lugar no mundial. Hoje Camila é referencia em força, garra e perseverança feminina. Ela treina muito: dedica muito amor e carinho em seu trabalho, já que sabe que consegue inspirar muitas mulheres. “Eu espero que esteja passando boas energias e motivação pra que mais mulheres acreditem em buscar os seus sonhos e vontades.” 

Além dos campeonatos, ela também conquistou títulos de ascensão feminina em rocha, provando que nunca podemos ir ainda mais longe. “Estamos aí para ajudar a mudar e provar que somos atletas, aventureiras, montanhistas e somos boas no que fazemos.”

Ao ser questionada sobre a dificuldade de ser mulher no esporte, ela diz:

“Acredito sempre que dá pra melhorar, ou que as coisas estão mudando para melhor. Eu não posso levantar todo dia da cama se não acreditar nisso. Quando comecei a participar do circuito de competições de escalada trouxe uma visão da minha experiência como nadadora e estudante de educação física. Acreditava q eu poderia me tornar uma atleta de escalada profissional. Muitos me falaram que eu jamais iria conseguir viver disso, ganhar salário e tal. E que só existia um atleta brasileiro que vivia da escalada! Isso não aconteceu por eu ser mulher e sim porque  a escalada não estava se desenvolvendo profissionalmente naquele momento”.

Na época a escala não era uma esporte olímpico ainda;

“Eu vejo o progresso de evolução do esporte escalada e não só das mulheres. Mas…. O número de mulheres aumentou, assim como o de praticantes em geral e o “girlpower” existe mais fácil, pois hoje vc leva sua filha, sobrinha, irmã, amiga na academia e lá ela tem várias referências femininas pelas paredes”.

Sobre as conquistas femininas nesse meio e as mudanças sociais que têm acontecido declara:

“Está mudando a partir do momento que somos atuantes em todas as áreas. Na escalada, esportes em geral, jornalismo esportivo, tv, rádio, etc. Assim poderemos dominar nosso espaço com muita competência e dividir nossas conquistas”.

Sua família tem um papel importantíssimo em sua vida “são meus pilares e sem eles eu não chegaria na metade do dia” comenta. Lucca, seu filho já é adolescente e herdou o amor da mãe pelo esporte  “ele tá bem forte e eu estou amando essa fase de escalar com ele”. Seu marido não compartilha a prática da modalidade mas… “é super parceiro e leva a gente em viagens, competições e treinos. Super presente e na torcida sempre”. 

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