Cotidianos comuns

São oito horas da manhã e está nublado lá fora. Levantar da cama é complicado, já que todas as suas características parecem ser muito convidativas. A xícara de café, que fica na mesa em frente ao computador, libera uma fumaça que perfuma o quarto com um aroma muito agradável e aconchegante. No monitor, a aula é exibida em uma plataforma online de videoconferência. Em casa, as várias distrações também criam maiores dificuldades para absorver da melhor forma possível os conteúdos transmitidos em aula, então é necessário muito foco.

Em um rápido exercício de imaginação, acredito que a situação do outro lado da tela não seja tão diferente assim. Uma professora, que provavelmente também batalhou contra sua cama, utilizando sua própria xícara e seu próprio computador, transmite conhecimento para outras pessoas que também estão atrás de uma tela. É provável que também precise lutar contra suas desconcentrações e manter o foco em meio a tantas tarefas disponíveis.

Nesses dias de quarentena, construímos cotidianos muito parecidos. Vários aspectos da nossa vida migraram ainda mais para o digital e passamos a depender das mesmas formas para nos comunicar uns com os outros, além de travarmos batalhas diárias parecidas contra tantas coisas que tentam tirar nossa atenção.

Então, por mais distante que estejamos, o confinamento revelou uma verdade que, aparentemente, sempre tentamos negar: somos muito parecidos.

Talvez com xícaras e aromas diferentes, mas ainda parecidos.

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