Dias que não voltam mais

Sinto saudades. Hoje faz três semanas de um dos piores dias da minha vida. Lembro de tudo o que aconteceu como se fosse ontem. Tristeza, raiva e revolta se misturam dentro de mim, isso dói. Se antes havia uma perspectiva de vida, agora ela não existe mais. Olho à minha volta, nada mais tem valor.

Meu coração, minha mente e alma estão vazios. Tento ser forte. De repente, ouço uma canção tocando tímida lá fora, é da loja de discos que fica na vizinhança. Sinto uma lágrima escorrer pela minha face. “Essa melodia…” – penso. “Essa música foi a trilha sonora dos nossos momentos…”

O interfone toca. É o almoço. Por horas, esqueci que havia pedido um delivery. Me dirijo até o meu quarto, pego um óculos de sol para poder disfarçar o semblante abatido e desço à portaria. No elevador, enquanto aguardava chegar no térreo, meus olhos encontram o visor com o horário: já eram quatro horas da tarde.

Fui para a varanda. O Sol está se pondo, mesmo cabisbaixa, permaneço lá admirando o processo. Entrar em contato com a natureza é uma das coisas que me acalma. Enquanto olhava, me distraí com um casal que posava para um fotógrafo no bosque ali perto. “Eles querem registrar o momento, para no futuro, relembrar o dia de hoje” – reflito comigo mesma.

Sento no sofá, mas percebo que meu celular está em algum cômodo da casa. Acho. Clico no rolo de câmera. Logo, várias fotos e vídeos aparecem na tela. São memórias, recordações e lembranças daquilo que já passou. Aperto em um vídeo qualquer e começo a rir, enquanto um flashback de tudo passava pela minha cabeça. Depois de tanto tempo, senti um sorriso se abrir em meu rosto.

Já são oito horas da noite. Está na hora do jantar. Caminho até a cozinha, abro a geladeira e me deparo apenas com ovos e leite. “É, morar sozinha tem dessas”. Decido ir ao supermercado. Enquanto andava, percebi outra cena: uma mãe e um pai com a filha de um ano dormindo no carrinho. Os dois revelavam fotos e se divertiam a cada imagem que ficava pronta. Fico pensativa e continuo meu trajeto.

São onze horas.
Me encontro, agora, deitada em minha cama depois de um dia repleto de emoções.
Fecho os olhos e durmo.

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