E o Oscar vai para a…Injustiça

Relembre as mais polêmicas premiações de Oscar de Melhor Filme

Com menos de duas semana para o Oscar, os palpites e apostas de quem será o grande ganhador do cobiçado prêmio de Melhor Filme se multiplicam. No entanto, julgar a arte sempre foi uma questão controversa e a premiação não escapa da polêmica. De vez em quando, é o competidor menos esperado que abocanha a vitória, para a consternação dos críticos e do público geral.

Embora, discordar ou concordar com o resultado final dependa, em parte, da opinião pessoal, a WHIZ separou algumas das piores injustiças do Oscar, assim consideradas pela maioria dos críticos. No entanto, antes vale ressaltar alguns aspectos da premiação que talvez ajudem a esclarecer algumas das escolhas da Academia.

Não é segredo que filmes com protagonistas brancos americanos e suas histórias de superação são os queridinhos da categoria. Das 90 edições que a premiação já teve, apenas seis premiaram um filme com protagonista de outra etnia e nenhum deles tinha uma mulher negra como protagonista principal. Além disso, nem todos os gêneros possuem o mesmo prestígio na Academia. Filmes de terror, por exemplo, só tiveram dois indicados: “O Exorcista” (1973) e “O Silêncio dos Inocentes” (1991), que realmente venceu a categoria e ainda levou outras quatro estatuetas naquela noite. Também é muito difícil que sequências levem o prêmio, as únicas foram “O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei” (2003) e “O Poderoso Chefão II” (1974). Mas, falando das injustiças em si, segue abaixo a lista das vezes que o Oscar pode ter se equivocado em seus julgamentos.

  • 1969 – 2001: Uma Odisseia no Espaço
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O clássico de Stanley Kubrick pode não ser um dos filmes mais fáceis de assistir, mas é um dos mais revolucionários da história do cinema e serve como referência para todos os filmes de ficção científica e que envolvam viagens espaciais. O único Oscar que Kubrick levou naquela noite foi de Efeitos Especiais. O grande mestre do cinema nunca mais levou prêmios da Academia. O ganhador daquela noite foi o musical “Oliver!”, que mesmo sendo um bom filme, não possui o peso da obra de Kubrick.

  • 1995 – Pulp Fiction: Nos Tempos da Violência
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Aqui a disputa é acirrada. “Pulp Fiction” é um filme que foi brilhantemente escrito e dirigido por Quentin Tarantino, mas perdeu naquele ano para “Forrest Gump: O Contador de Histórias”. Ambas as produções são muito boas, mas “Pulp Fiction” é particularmente inovador na sua forma de contar a história de forma desordenada, que surpreendentemente funciona. No entanto, a Academia preferiu apostar na narrativa mais segura de “Forrest Gump”, que também possui seus méritos com a inserção brilhante do protagonista nos eventos da história norte-americana. Para Tarantino, ficou a estatueta de melhor roteirista e a Palma de Ouro no Festival de Cannes.

  • 1999 – O Resgate do Soldado Ryan
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O Oscar de 1999 foi uma série de decepções, inclusive para os brasileiros. Na categoria de Melhor Filme o ganhador deveria ser o filme de Steven Spielberg, mas inexplicavelmente o Oscar foi para “Shakespeare Apaixonado”, da produtora independente Miramax, que pertencia a nada mais, nada menos que Harvey Weinstein, o atual homem mais odiado de Hollywood. Grande parte da vitória do longa deve-se à influência publicitária de Weinstein, que estava em sua época de ouro. Ele promoveu uma intensa campanha a favor de seu filme e conseguiu a maioria dos principais prêmios, inclusive de Melhor Atriz para Gwyneth Paltrow, considerada a mais fraca da competição. Para os brasileiros foi uma grande decepção, já que a nossa Fernanda Montenegro era cotada como uma das favoritas ao prêmio pelo filme “Central do Brasil”.

  • 2006 – O Segredo de Brokeback Mountain
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O longa foi intensamente premiado em outros festivais, e escolhido como melhor filme pelo BAFTA e Globo de Ouro, além de render um Leão de Ouro, no Festival Internacional de Veneza, para o seu diretor, o asiático Ang Lee. A obra era, naturalmente, o ganhador quase certo do Oscar de Melhor Filme. Qual não foi a surpresa quando “Crash: No Limite” foi anunciado. Nem o próprio apresentador conseguiu esconder choque. A trama do filme pode ter afetado a escolha da Academia, já que a história é sobre o complexo relacionamento homoafetivo entre dois cowboys na década de 1960. A escolha gerou intensa polêmica na época, até o diretor de “Crash”, Paul Haggis, admitiu, anos depois, que não achava que seu filme tinha merecido o Oscar.

  • 2011 – Todos, menos o Discurso do Rei
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Foi um ano com excelentes indicações, que incluíam o genial filme “A Origem”, o perturbador “Cisne Negro”, “A Rede Social”, e até o amado “Toy Story 3”. Mesmo assim, o ganhador foi o “Discurso do Rei”, um bom filme que conta a história de superação do rei George VI, que era gago e precisava ser a inspiração da população inglesa às vésperas da II Guerra Mundial. Mesmo assim, o longa não é tão memorável e celebrado como os outros competidores.

Neste ano de 2019, em especial, podemos ser surpreendidos pelo grande anúncio. Dos oito filmes que concorrem à categoria, três possuem forte representatividade negra – inclusive o filme de super-herói, “Pantera Negra”, gênero dificilmente indicado para Melhor Filme -, além de outros dois filmes com protagonistas femininas, sendo uma delas mexicana, com o filme “Roma”. Sejam, as escolhas bem recebidas, ou não, estaremos esperando com ansiedade.

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