
Placas do movimento anti racista Black Lives Matter. Foto: Henry Nicholls/Reuters
Em busca da representatividade negra
De acordo com o escritor Wesley Barbosa: “Um sujeito nascido em Higienópolis, jamais saberá falar da fome, da dor que é sofrer o racismo todos os dias”
Os debates sobre o racismo vêm crescendo nos últimos anos, aumentando a importância das pautas sobre representatividade e lugar de fala em diferentes ambientes. No entanto, ainda faltam pessoas negras em cargos políticos. De acordo com a matéria da Folha de São Paulo, a população negra é majoritária e forma 56% dos brasileiros. Esse fato torna-se contraditório, pois nos cargos de destaque dentro da política, esse grupo ocupa apenas 18,1% do espaço, segundo o Tribunal Superior Eleitoral.

Além disso, o TSE afirmou que em 2020 foi a primeira vez, nas eleições municipais, que os candidatos brancos não foram a metade ou a maioria das pessoas. Bruna Brelaz, presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes), afirma: “Nosso processo, pós abolição da escravidão, deixou sequelas de um racismo estrutural que impacta fortemente a vida da população negra, e assim toda a sociedade. Desta forma, o desemprego, a falta de moradia, a violência e até os óbitos por COVID-19 acabam afetando muito mais os negros”.
Um exemplo disso é a vereadora Marielle Franco que em 2018 foi assassinada a tiros dentro de seu carro, resultando em uma revolta por parte da população. Conforme o ilustrador da série “Confinada”, Leandro Assis, “São histórias fundamentais para a questão da representatividade. Infelizmente a história de Marielle teve um fim trágico, mas o exem

Foto da Vereadora Marielle Franco, fonte: Márcia Foletto
plo dela é importantíssimo.” E ele também acrescenta: “Não tenho a menor dúvida de que nossa política e nosso país estariam bem melhores com mais pessoas como elas na vida pública.”
Outro exemplo, dessa vez internacional, foi George Floyd, cidadão americano morto por um policial branco chamado Derek Chauvin, no ano passado. “Acho que esses casos com maiores repercussões no Brasil e no mundo, impactaram mais as pessoas que não se importavam com a questão racista.” Citou o escritor Wesley Barbosa, autor dos livros: “O diabo na mesa dos fundos”, Parágrafos fúnebres”, e “Relato de um desgraçado sem endereço”, o autor ainda acrescenta: “Acho que esses casos com maiores repercussões no Brasil e no mundo impactaram mais as pessoas que não se importavam com a questão racista.”
