Gerações diferentes e um amor em comum

Até onde vale o amor pelo futebol dentro e fora do estádio ?

As primeiras torcidas surgiram na década de 40. No início eram grupos de torcedores que se juntavam em festas, clubes e marcavam de irem aos jogos juntos em uma determinada arquibancada, a partir da década de 60, com regras próprias, esses grupos criaram as primeiras torcidas organizadas, como conta Eder Luiz, ex-diretor da Torcida Jovem do Santos, que virou associado em 1994.
Começando pela Gaviões da Fiel, do Corinthians, no mesmo ano, veio a Jovem, torcida do Santos. Este movimento começou a se espalhar pelos times fora do estado de São Paulo.

Nesta época, o Brasil estava passando por um regime ditatorial, assim as organizações além de torcer tinham a função também de defender os interesses da população, almejando um país com liberdade de expressão.

Muita coisa foi mudando ao longo dos anos, mas dentro dos times os valores e ideologias são os mesmos e são passados para novos torcedores, que também querem entrar de cabeça para viver esse amor de perto. Por isso, a torcida é considerada um patrimônio do clube, visto que só quem está presente dando o apoio ao seu clube, entende a sensação de ser torcedor fanático. Muitos acham que é loucura, Jeferson Silvano da geração mais atual e vice-presidente da TJ, fala que perdeu muitos momentos na sua vida como trabalho, até namoro para acompanhar seu time de coração.

A maioria entra na torcida cedo, o amor vem de família, e acabam construindo seus princípios com base no que a torcida passa ao longo dos anos. A maturidade que é adquirida pelos torcedores por tudo que passam a viver essa sensação, momentos bons e os perrengues por trás. Por começarem novos, não têm uma condição financeira estável para acompanhar o time toda semana, mas concordam que vale a pena. Ir em caravanas sem dinheiro de passagem, comida, ou ter onde ficar. Mas quando começam os 90 minutos de emoção e sempre uniformizados dando total apoio ao time.

Infelizmente ainda existe um tabu com as organizadas, por questões sociais da mídia. Brigas e confusões acabam acontecendo em qualquer lugar que tiverem pessoas de classes diferentes e ideologias. A maioria dos torcedores que frequentam os jogos estão indo para torcer e dar apoio ao seu time, independente da situação. Mas ainda há quem goste de marginalizar e tentar acabar com a imagem do que realmente é uma torcida organizada e o que ela traz para o time.

Além do futebol há outras funções presentes e realizadas pela torcida. Desde sua fundação, a Jovem teve diversas ações em fatos isolados. A campanha do agasalho acontece todos os anos, distribuições de cestas básicas e em datas comemorativas. Com a pandemia, o diretor do departamento de ação social, Evandro Oliveira, que está desde 1989, teve mais de 15.000 marmitex e cobertores entregues nas ruas de São Paulo. Um fato não tão divulgado, e que não se trata apenas de futebol, sendo que 90% das doações vêm diretamente dos associados das torcidas.

Os dois, Éder e Jeh, mesmo de gerações diferentes, concordam que não há limites ao amor pelo time, distinguir a vida pessoal, o primeiro amor até a morte. E futuramente é esperado que não percam essa essência e tudo que é construído pelo amor, que é acima de tudo por seu time.

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