O Tik Tok da tensão entre Estados Unidos e China

Em meio ao crescimento na internet, governo americano ameaça proibir o aplicativo chinês do país

Músicas, desafios, diversão e crise geopolítica. Essas são algumas palavras que estão relacionadas ao aplicativo TikTok. Lançado em 2016, a rede social se fortaleceu durante o confinamento causado pela Covid-19, ao mesmo passo de uma tensão entre duas das maiores potências do mundo: Estados Unidos e China.

Com mais de 165 milhões de usuários norte-americanos no TikTok, o presidente Donald Trump declarou que proibiria o aplicativo no país. O motivo seria uma suposta coleta de dados pessoais dos americanos, por parte do governo chinês, para ser utilizado como espionagem.

“Não é de hoje que o governo dos EUA demonstra preocupação com possíveis ligações de empresas chinesas com o Partido Comunista Chinês”, afirma a consultora política e professora da Universidade Federal do Piauí (UFPI), Beatriz Ribas, de 28 anos.

Enquanto a sede do Facebook fica na Califórnia, a empresa proprietária do TikTok, a ByteDance, tem sua sede em Pequim. Para autoridades chinesas, acusações dos Estados Unidos não passam de um bloqueio para a atuação de empresas estrangeiras em território americano.

De acordo com Beatriz, mesmo que em ano de eleições, a afirmação do presidente não parece ser uma estratégia eleitoral. “É difícil mensurar o quanto a proibição deste aplicativo teria impactos positivos para a eleição, pensando na perspectiva da reeleição de Trump”, conta a consultora política.

Ainda, a professora analisa que comportamento nacionalista de Donald Trump sempre fez parte de seu discurso: “Com argumentos voltados para a segurança nacional dos cidadãos, estaria muito coerente com seu posicionamento político”. Desse modo, o conflito envolvendo o TikTok não seria muito significativo no resultado eleitoral.

Beatriz relembra o caso de espionagem do ex-funcionário da CIA, Edward Snowden, em 2013, no governo de Barack Obama. Snowden divulgou que o governo americano monitorava informações de cidadãos de dentro e de fora dos Estados Unidos. “Quando isso aconteceu, as autoridades do país também o acusaram de ter ligação com a China e a Rússia.”

Com a facilidade para editar vídeos que viralizam rapidamente, o TikTok não só possibilitou a criação de conteúdos voltados para o entretenimento, mas também vem ganhando destaque em temas políticos. Além disso, o algoritmo bem desenvolvido da rede social seleciona assuntos para o usuário sem que ele precise curtir.

Desse modo, para a consultora política, a ByteDance seria mais prejudicada com a proibição da plataforma no país. “A empresa chinesa teria impactos financeiros, porque perderia todo o público de usuários dos Estados Unidos, limitando o seu alcance”. Além disso, Beatriz ressalta: “A extinção do aplicativo em território americano descontinuaria esta estratégia comunicativa que vem sendo realizada por novos atores”. Conflitos que envolvem questões tecnológicas, já não fazem parte só do roteiro de filmes de ficção científica.

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