Resenha: Com amor, Simon

O filme que foi baseado no romance americano “Simon vs. the Homo Sapiens Agenda”, de Becky Albertalli, estreou nas telonas em 2018 e faturou cerca de 66,32 milhões de dólares. O sucesso foi grande e se estendeu até 2020 com o lançamento de “Com amor, Victor”, previsto para o verão estadunidense. A série derivada do mesmo universo traz diversas referências ao filme, com direito ao retorno de Nick Robinson, protagonista do longa, como narrador.

“Com amor, Simon” ganhou o coração do público com uma história leve, aquele famoso clichê adolescente, mas com um grande diferencial: um protagonista homosexual. Simon é um jovem de 17 anos que começa a se corresponder por e-mail com alguém que permanece anônimo durante todo o longa. Em meio à uma busca para saber quem é a pessoa com quem acabou criando uma relação, um colega de classe descobre sobre as conversas e sobre a sexualidade do personagem, e passa a ameaçar expor o segredo. 

Ao longo da trama Simon leva a público por uma investigação para descobrir quem é o autor dos e-mails, que os assina apenas como “Blue”. A cada novo suspeito, Blue muda de forma na tela e quem assiste passa por todas as decepções junto com o protagonista, seguidas pela esperança que surge com mais uma pista. 

Esse envolvimento com a narrativa também é obtido por se tratar de uma história sobre pessoas normais, que poderia acontecer com qualquer um. A identificação criada com o protagonista é alimentada a cada situação e sentimentos comuns, como o desconforto em esconder um segredo de sua família, o medo de exposição, a busca por encontrar um amor e alguém que possa compreender quem você é. 

A mensagem do filme é transmitida de forma delicada através dessa empatia, de se colocar no lugar do personagem e se pegar fazendo os mesmos questionamentos que ele. Por que alguem precisa de “assumir” como homoxexual? Questão que proporciona uma das sequências mais engraçadas da trama. Simon mostra que apesar de não se encaixar nos estereótipos sociais que são impostos à homens gays, ele ainda passa por toda a pressão de se aceitar e o medo de não ser aceito.

A direção inteligente, os diálogos autênticos e as atuações excelentes criam uma história especial, que traz aquele quentinho no coração que as comédias românticas prometem. Além de levantar de maneira sutil, mas efetiva, uma bandeira muito importante de que jovens gays são muito mais do que estereótipos e preconceitos, e que existem muitos outros Simons por aí. Afinal, é sempre bom relembrar que todo mundo merece uma grande história de amor.