Resenha: Manifest

A TV Globo acertou em cheio e passou a exibir, em 07 de abril, a primeira temporada de Manifest, série que mantém a média de 20 pontos de audiência em seus episódios, desde a primeira exibição na emissora. Talvez o mistério da trama e suas diversas perguntas sem respostas tenham cativado os espectadores, mas a relação das personagens e a quebra de expectativas em um desenvolvimento que foge ao óbvio mantiveram o interesse do público. 

Ao desembarcar após um vôo de algumas horas a tripulação do 828 percebe que se passaram cinco anos e meio desde que o avião decolou. Os passageiros Ben Stone, sua irmã Michaela e seu filho Cal passam a tentar se encaixar em suas novas realidades, enquanto descobrem o significado dos “chamados” que começaram a receber. As ações do governo tomam grande parte dos primeiros episódios e despertam teorias como buracos de minhoca e a boa e velha paranoia estadunidense sobre espionagem internacional. 

Enquanto isso, os sobreviventes descobrem que suas mentes estão interligadas de alguma forma e todos recebem sinais de algo que precisam realizar ou impedir. O mistério do voo 828 é o grande plano de fundo da narrativa e, embora seja intrigante o suficiente para ser o ponto de partida da história inicial, as subtramas se tornam quase tão importantes quando desenvolvem uma construção inteligente.

No núcleo principal, as personagens retornam às suas vidas e percebem que todos seguiram em frente, Michaela encontra seu noivo casado com sua melhor amiga, Ben encara uma realidade onde sua esposa tem outra pessoa e Cal recupera sua irmã gêmea, agora cinco anos mais velha. Todos adoram um triângulo amoroso, mas as histórias das personagens secundárias também se destacam de forma positiva, embasando a história central com os impactos sociais que ela causa.

Apesar de pecar pelo excesso de personagens e por não saber como retirá-los da narrativa de forma cuidadosa, os acontecimentos direcionam o público a uma resposta óbvia, apenas para provar, de forma sutil, que não existe uma regra. Quando algo aparentemente aleatório acontece, percebemos que as pistas estavam lá o tempo todo. Um exemplo é a inserção de um novo personagem principal na reta final da trama, uma aposta arriscada, embora bem sucedida.

Ao longo do caminho a história fala sobre culpa, amor, luto, adaptação e sobre como a sociedade tende a lidar com aquilo que não consegue explicar. Os sobreviventes são cultuados como milagres por alguns, classificados como ameaças por outros e usados como amostras pelo governo e setores privados. Manifest encerra sua primeira temporada com uma cena final um tanto clichê, mas não decepciona os fãs no quesito mistério ao fazer várias perguntas e não revelar nenhuma resposta.