Resenha: O som do silêncio

O filme “O som do silêncio” narra a história de Ruben Stone (Riz Ahmed) quando ele perde sua audição, o que deixa o protagonista e baterista de uma banda, incapacitado de exercer sua função. Lou (Olivia Cooke) tem um relacionamento com o vocalista da banda de metal, Ruben, e o casal mora em um trailer que usam também para as viagens de turnê do grupo.

Ao perceber os lapsos de perda da audição, o baterista procura um médico e vai em busca da solução do problema. Ruben recebe então a notícia da perda de oitenta por cento da audição, além do diagnóstico médico de que a tendência é piorar.

Logo no início do longa, o amor e a paixão pela banda são demonstrados nos minutos iniciais, em um show de abertura que o casal conduz. Os sons marcantes e intensos representam uma animação e intensidade que se desfaz no decorrer do filme.

O protagonista, Ruben, se desenrola na luta pela tentativa de adaptação da sua surdez. E ao se deparar com um procedimento de recuperação de sua necessidade para voltar a ouvir, ele também percebe a impossibilidade financeira de arcar com isso. Após essa frustração, ele é aconselhado em procurar um retiro de pessoas com necessidades especiais.

O personagem aceita participar e se juntar ao grupo, liderado por Joe (Paul Raci). Porém, para que isso aconteça, é necessário um isolamento social, representado na cena em que Ruben entrega seu celular e chave do carro a Joe, o que também simboliza o afastamento de Lou e suas paixões: o trailer e os instrumentos. Este momento dramático do longa retrata o processo de mudança e adaptação dessa transição repentina.

O baterista precisa entender que aquele momento é de costume com a nova realidade. O aprendizado que o fato da surdez não é uma deficiência, e sim uma condição é algo bem representado pelo filme, por meio do roteiro e da atuação de Joe. O jovem se dedica ao novo desafio e transforma seu olhar em relação àquela nova comunidade, a narração da experiência de Ruben emociona, pois é nítida sua vontade de conhecer e de se dedicar a jornada do grupo.

O filme coloca seu espectador ao lado das sensações sentidas pelo ator, desde o início em que ocorrem os lapsos de surdez, até o final da produção. O diretor e roteirista, Darius Marder, consegue deixar com clareza os sentimentos sentidos pelo personagem, pois, o que é ouvido pelo ator é passado com nitidez ao público. Por conta disso, o longa também está entre os indicados a melhor som no Oscar.

O ator principal e o coadjuvante, Riz Ahmed e Paul Raci, conseguem exprimir muito bem o processo de conhecimento, desde a adaptação até à interrupção ao grupo de surdos. Por meio de jogos de olhares, gestos e o roteiro, é evidente a percepção dos personagens. O que deixa claro dessa interpretação é que o longa-metragem também está indicado à categoria de Melhor Ator e Melhor Ator Coadjuvante na premiação. Além disso, a produção está na lista de Melhor Filme do Oscars 2021, incluindo mais outras duas categorias.

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