Resenha: Sitara: Let Girls Dream

Sonho. Palavra pequena, conhecida por quase toda a população mundial, mas que transmite ideias e significados diferenciados para as pessoas ao redor do globo. Foi a partir dessa palavrinha que Sharmeen Obaid-Chinoy, jornalista, ativista e cineasta paquistanesa, de 41 anos, decidiu contar uma história. Dona de duas estatuetas do Oscar, por seus documentários “Saving Face” e “A Girl in the River: The Price of Forgiveness”, ela escreveu e dirigiu “Sitara: Let Girls Dream”, traduzido para o português como “Sitara: Sonhando com as Estrelas”.

“Sitara” é um curta-metragem de animação que conta a história de Pari, uma menina de 14 anos que sonha em pilotar aviões, mas que tem tal desejo interrompido por seu pai. Com o intuito de manter as tradições, o pai promete a mão da filha em casamento a um homem mais velho. Além de comprometer o sonho da menina de viajar pelos céus, o pai também abala a garota e a relação dos dois por conta da falta de consentimento dela em relação ao casamento.

Pari, mesmo vivendo em uma sociedade tradicional do Paquistão, é corajosa, inteligente e visionária. Qualidades que ela demonstra durante o desenrolar da história, mas principalmente no início. O que de certa forma é muito inspirador e mostra a força da personagem, devido ao pensamento de grande parte daquela sociedade e sua realidade dentro de casa.

Não só a admiração pela protagonista, mostrada no curta por meio da influência sobre a irmã mais nova, mas também a conscientização é um ponto chave. Ter contato com a realidade apresentada na obra, é um privilégio, dado todo o histórico de censura das artes na humanidade. Mais do que isso, ter a oportunidade refletir sobre o assunto é poderoso e mágico. Isto porque o filme instiga no ser humano uma vontade de fazer mais, de ajudar, de contribuir com o desenvolvimento da humanidade e de lutar pela igualdade de direitos. Ainda, mesmo que pouco em certas pessoas, o curta é capaz de mostrar ao povo da nossa sociedade o quanto devem ser gratos ao que possuem.

Em mais uma produção, Sharmeen explora a arte de forma bela. O talento para dar voz e espaço a uma realidade pouco conhecida e impactar as pessoas que assistem à obra é admirável. A representação do povo paquistanês é tida como fiel, desde o cenário às roupas das personagens. O que é mais um motivo para dar chance a “Sitara: Let Girls Dream”, o filme da jornalista asiática sobre a cruel realidade de cerca de 12 milhões de meninas por ano. Afinal, são apenas 15 minutos de conscientização, além de um quê de esperança ao final do curta, mas que eu vou ter que te deixar descobrir sozinho.

1 thought on “Resenha: Sitara: Let Girls Dream

  1. Texto muitíssimo bem escrito, consciente nas ideias contidas no texto e delicado em sua apresentação. O tema é bem delicado por tratar de uma outra cultura, mas, como dito no texto, ainda se trata de uma criança com tantos direitos quanto qualquer outra criança do mundo e que merece sonhar, se divertir e ter sua infância. Na minha opinião, um documentário especial como esse, assim como um texto foda para impulsionar sua visibilidade, contribuem não só para chamar atenção à realidade dessas meninas, como também para quem sabe mudar a realidade das muitas Paris que estão por aí desejando uma infância plena. Parabéns!

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