Tocando ao som da independência

Conheça algumas dificuldades dos artistas independentes no Brasil

Música. Uma paixão que pode vir de berço e é considerada por muitos como a forma mais crua e prazerosa de transmitir sentimentos e ideias, mas um desafio enfrentado por quem busca viver do som e ser reconhecido por isso. Ainda, a realidade de artistas independentes é dura e o cenário concorrido e com poucas oportunidades, em nosso país, dificulta a conquista por um espaço na indústria musical. 

Mesmo com tantas dificuldades, os apaixonados por música não desistem, como é o caso do mineiro, Felipe Barreto “Fi”, de 24 anos.  O cantor possui quase duas mil visualizações na faixa “Quem é ela”, no YouTube, mais de 57 mil reproduções na canção “Janeiro”, no Spotify e uma média de pouco mais de seis mil ouvintes mensais na plataforma. “Estou nesse ramo porque eu não poderia não continuar. Faz parte de mim. Independentemente das circunstâncias, quem começa não para”, destaca o cantor.

Com o meio tão agitado e os avanços tecnológicos contribuindo para isso, os que querem se aventurar no mundo da música precisam de cada vez mais compromisso. Como é difícil viver só da arte, os músicos geralmente possuem outro trabalho, o que compromete sua dedicação e pode vir a atrapalhar seu desenvolvimento como artista. “Muitas vezes falta oportunidade para o trabalho artístico crescer. A maioria de nós têm que viver uma vida dupla, trabalhando em outras funções e conciliando com criação, exercícios de aperfeiçoamento, aulas, ensaios e shows”, afirma Fi.

Ainda, a internet, suas ferramentas e mídias, como o YouTube ou plataformas de streaming, são facilitadoras para a difusão dos trabalhos. Assim, os artistas podem divulgar seus projetos e o alcance que terão pode ultrapassar fronteiras, o que, consequentemente, pode chamar a atenção de gravadoras, produtores e, principalmente, do público. Uma das partes mais importantes, porque somente com esse apoio surge a capacidade de abrir portas para novas oportunidades, além de ser uma das principais fontes de motivação de um artista.

“Para muitos é difícil manter uma boa sequência de shows, e assim, financiar novas gravações, clipes, projetos, que com certeza trarão mais reconhecimento. É um cálculo simples. Produtores de evento vão contratar bandas e artistas que levam público, pois para o trabalho deles, é o público que vai dar o retorno. Então, o apoio à arte e cultura local, tem que vir principalmente da base”, completa o músico.

Motivado pelo ser humano, relações e interações da nossa espécie, o mineiro com projetos em desenvolvimento, cultiva a honestidade, bom relacionamento com as pessoas e conexão com seu público como forma de inspiração para seu desenvolvimento. “Muitas vezes quem tá curtindo, conectando com o som, colocando uns minutinhos de entrega para as músicas, não sabe o quanto foi difícil tirá-la do papel. E ver as pessoas cantando o fruto daquele rabisco na folha é muito especial, é o que faz valer a pena”, declara o jovem.

Para o cantor, é essencial manifestar o interesse pelas artes, pois o apoio da base é o principal motivador pessoal e o início dos investimentos externos. “Eu adoro músicas internacionais também, mas às vezes falta a gente estar aberto para o que nasce no quintal de casa. Se abrir para os novos projetos que estão surgindo e espalhar essa ideia de valorização da nossa música, isso pode ajudar muito”, conclui Fi.